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Quem era a piloto brasileira que morreu nos Estados Unidos

Juliana Turchetti sofreu um acidente aéreo enquanto combatia as chamas de um incêndio florestal

Aline Reskalla (via Agência Estado)

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Juliana Turchetti, piloto brasileira, morreu durante uma operação de combate a incêndio
Icone Camera Foto por Arquivo pessoal
Juliana Turchetti, piloto brasileira, morreu durante uma operação de combate a incêndio
Escrito por Aline Reskalla (via Agência Estado)
Publicado em 12.07.2024, 18:06:00 Editado em 12.07.2024, 18:38:10
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A piloto de avião brasileira Juliana Turchetti, de 45 anos, morreu em um acidente aéreo na quarta-feira, 10, no Estado de Montana (EUA). Ela atuava no combate a incêndios florestais.

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Considerada uma heroína por familiares, colegas e pelas autoridades dos Estados Unidos, ela própria rebatia essa classificação. "Alguns nos chamam de heróis. Bem, esse é um título pesado para carregar. Gosto de dizer que somos pessoas comuns fazendo algo extraordinário", publicou em sua última postagem no Facebook, em 4 de maio.

Ao Estadão, a mãe da piloto, Maria das Graças dos Santos, disse que a filha "nunca mediu esforços para conquistar o que quis de maneira digna". Também afirmou que a missão da família agora é honrar sua memória, "cuidar do filho dela que, inclusive, carrega muito da garra que a Juliana tinha".

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"Estamos passando por essa enorme dor, mas entendemos que ela realizou esse sonho que carregava de ser piloto de combate a incêndio. Partiu de forma honrosa, e para nós é motivo de muito orgulho. Para mim, como mãe, é um orgulho ainda maior", afirmou.

Maria das Graças também agradeceu pelas inúmeras homenagens que a filha recebeu. "Sabemos que isso servirá de exemplo de força e incentivo para quem deseja seguir na carreira da aviação. Te amo filha, obrigada por tudo", despediu-se a mãe.

Para a irmã de Juliana, Ulli Turchetti, o que consola a família agora é saber que ela morreu realizando um sonho. "Deixa um legado muito bonito, que nos enche de orgulho e nos ajuda de certa forma a enfrentar essa tragédia."

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Quando Juliana migrou da aviação comercial para a aviação agrícola, Ulli conta que todos da família ficaram preocupados, por se tratar de uma atividade ainda mais perigosa. "Mas a Juliana sempre dizia, que se partisse pilotando, partiria feliz", recorda-se.

O filho da piloto, de 17 anos, passa férias com parte da família que mora em Contagem, Minas Gerais. Ulli reside com a mãe em Blumenau (SC) e diz que a irmã estava com viagem marcada para o Brasil em agosto, quando viria buscar o filho e rever os familiares.

Para fazer história como piloto brasileira de avião de combate a incêndio, Juliana não teve caminho fácil. Enfrentou preconceito, o que, segundo Ulli, não a desanimava. "Conversávamos muito. Isso nunca foi para ela um empecilho, nunca se vitimizou. Era uma pessoa positiva, prática, de muita atitude, que se cuidava e estava sempre bonita e arrumada".

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Com 6,5 mil horas de voo no currículo, Juliana morava nos Estados Unidos há cinco anos e integrava a equipe de combate a incêndios na Floresta Nacional de Helena, no Estado de Montana. Ela foi a primeira brasileira nos Estados Unidos a pilotar um turboélice, um tipo de motor a jato que utiliza hélice para propulsão. A mineira entrou para a aviação em 2007, foi instrutora de voo e depois copiloto e piloto em aviões Boeing 727 e 737, até entrar, em 2013, para aviação agrícola.

Em 2022, Juliana investiu na compra de um imóvel para montar uma cafeteria em Springfield, no Estado de Illinois. Sua Aviatori Coffee House foi eleita pela imprensa local como segunda melhor cafeteria da cidade de mais de 110 mil habitantes.

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Na próxima semana, familiares irão aos Estados Unidos para decidir detalhes do sepultamento, que, segundo Ulli, ainda não se sabe se ocorrerá no país em que ela residia ou no Brasil.

Homenagens

Autoridades dos Estados Unidos lamentaram a morte da brasileira e a chamaram de "heroína", agradecendo pelo trabalho prestado no país. Em pronunciamento conjunto, os governadores de Montana, Greg Gianforte, e Brad Little, de Idaho, disseram estar "profundamente tristes" pelo ocorrido. Afirmaram ainda que correr em direção a um incêndio é "um verdadeiro ato de bravura" e se solidarizaram com os familiares. "Nós nos juntamos a todos os habitantes de Montana e Idaho em oração pela família e amigos', afirmaram.

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"Nossos corações estão pesados e ela não será esquecida", manifestou-se, em nota, o USDA (Serviço Florestal dos Estados Unidos, tradução livre) de Montana, segundo o qual Juliana "deu o sacrifício final" no combate.

No Brasil e nos Estados Unidos, amigos e colegas de trabalho deixaram mensagens pelas redes sociais.

O acidente

Juliana Turchetti sofreu um acidente por volta do meio-dia no horário local (15 horas no Brasil) da última quarta-feira, 10 de julho, enquanto realizava uma manobra de "scooping" com a aeronave FireBoss. Durante essa operação, o piloto pousa a aeronave em um lago ou represa para capturar água, que é então armazenada no reservatório do avião antes de decolar novamente.

De acordo com testemunhas, três aeronaves AT-802 atuavam na região, captando água no Hauser Lake, localizado a cerca de 8 km a noroeste da represa no Rio Missouri. O combate aos incêndios estava concentrado na área conhecida como Horse Gulch, nas proximidades da represa.

O xerife de Lewis e Clark, Leo Dutton, informou à imprensa que, no momento do acidente, Juliana estava em segundo lugar no circuito de pouso, captura de água e decolagem. Durante a manobra de "scooping", o avião aparentemente colidiu com um objeto, o que resultou na destruição da aeronave e seu afundamento na água. O Conselho Nacional de Segurança no Transporte dos EUA (NTSB) está conduzindo uma investigação para determinar as causas do acidente e verificar se houve mesmo colisão com um objeto, um banco de areia ou uma onda.

O corpo de Juliana foi encontrado por equipes voluntárias de busca e resgate dos condados de Lewis and Clark e Gallatin por volta das 17 horas locais (20 horas no Brasil). As autoridades mantiveram a identidade da vítima em sigilo até que seus familiares no Brasil fossem notificados. Antes disso, a imprensa havia se referido a uma piloto de 45 anos cujos parentes eram de outro país.

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