MAIS LIDAS
VER TODOS

Cotidiano

Por que mais de cem botos morreram em água a 40ºC na Amazônia?

Desde que a seca passou a atingir o Amazonas, 110 animais, entre botos e tucuxis, já morreram na região de Tefé, no Médio Solimões. Isso corresponde a cerca de 5% da população dessas espécies, de acordo com o Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamir

Redação (via Agência Estado)

·
Escrito por Redação (via Agência Estado)
Publicado em 02.10.2023, 18:58:00 Editado em 02.10.2023, 19:01:01
Imagen google News
Siga o TNOnline no Google News
Associe sua marca ao jornalismo sério e de credibilidade, anuncie no TNOnline.
Continua após publicidade

Desde que a seca passou a atingir o Amazonas, 110 animais, entre botos e tucuxis, já morreram na região de Tefé, no Médio Solimões. Isso corresponde a cerca de 5% da população dessas espécies, de acordo com o Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, organização social vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. A causa da morte desses animais ainda é desconhecida, mas os pesquisadores acreditam que a mortandade está ligada às altas temperaturas das águas. A Amazônia sofre com seca extrema, que tem baixado o nível dos rios e dificultado o abastecimento e o transporte na região. A estiagem deste ano é agravada pelo El Niño. O fenômeno climático se caracteriza pelo aquecimento das águas superficiais do Oceano Pacífico na região do Equador. Isso causa a interrupção dos padrões de circulação das correntes marítimas e massas de ar, o que leva a consequências distintas ao redor do mundo. "A minha impressão é que tem algo na água, obviamente, relacionado à situação de seca extrema, baixa profundidade dos rios e, consequentemente, ao aquecimento das águas. A média histórica da temperatura da água no Lago do Tefé é de 32 graus e, na quinta-feira, nós aferimos 40ºC até três metros de profundidade", diz Miriam Marmontel, pesquisadora do Mamirauá. Equipes de apoio e resgate de cetáceos vivos chegaram a Tefé no fim de semana. Um barco com piscina está recebendo os animais resgatados com vida. Eles devem ser mantidos nela até que o resultado da análise dos estudos seja concluído. "Se for um agente infeccioso, seria muito arriscado liberar os animais para o rio Solimões, pois terminaria infectando o resto da população. Aparentemente, é um evento isolado no Lago Tefé, e não há registro de algo semelhante acontecendo nas cidades do entorno", afirma a pesquisadora. Especialista em mamíferos aquáticos, Miriam diz que a população de botos e tucuxis no Lago Tefé é estimada em 900 e 500 indivíduos, respectivamente. Ela pesquisa os animais da Amazônia há 30 anos. "Estamos enfrentando um evento de mortalidade incomum de botos amazônicos no Lago Tefé - uma situação muito preocupante e grave. Entre sábado, 24, e segunda-feira, 2, perdemos 110 animais entre botos-vermelhos e tucuxis", afirma.

continua após publicidade
Investigação

O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), órgão do Ministério do Meio Ambiente, informou no sábado, 30, que vai apurar as causas das mortes de botos. "Protocolos sanitários foram adotados para a destinação das carcaças. O ICMBio segue reforçando as ações para identificar as causas e, com isso, adotar medidas para proteger as espécies", informou o ICMBio. Ao todo, 18 municípios do Amazonas já estão em situação de emergência. Outros 37 estão em alerta e mais cinco declararam situação de atenção, conforme a Defesa Civil do Estado. O diretor do Instituto Mamirauá, João Valsecchi, diz que a seca também tem causado transtornos para a população, como dificuldade de mobilidade, restrição de acesso a muitas áreas, e o aumento do custo de vida. "Escolas estão sendo fechadas, linhas de barcos deixam de funcionar, todos os produtos estão mais caros nas cidades e principalmente no interior e, neste ano, de forma muito atípica, estamos registrando a mortalidade de pescado e botos no Lago Tefé", afirma. No sábado, 30, em entrevista ao programa

Viva Maria

, da Rádio Nacional da Amazônia, um dos veículos da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Miriam disse que esses animais acabam atuando como sentinelas da qualidade da água e são os primeiros a ser afetados com mudanças provocadas no ambiente. "Eles nos deram o alerta e agora tem de ficar atento a isso. A tendência, se não mudarmos nossos hábitos, esses eventos vão continuar, mais aquecimento global, mudança nos parâmetros climáticos", disse.

Gostou desta matéria? Compartilhe!

Icone FaceBook
Icone Whattsapp
Icone Linkedin
Icone Twitter

Mais matérias de Cotidiano

    Deixe seu comentário sobre: "Por que mais de cem botos morreram em água a 40ºC na Amazônia?"

    O portal TNOnline.com.br não se responsabiliza pelos comentários, opiniões, depoimentos, mensagens ou qualquer outro tipo de conteúdo. Seu comentário passará por um filtro de moderação. O portal TNOnline.com.br não se obriga a publicar caso não esteja de acordo com a política de privacidade do site. Leia aqui o termo de uso e responsabilidade.
    Compartilhe! x

    Inscreva-se na nossa newsletter

    Notícia em primeira mão no início do dia, inscreva-se agora!