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Por que cinzas do Pantanal viajam até a França e são exibidas no Parlamento Europeu

A eurodeputada Anja Hazekamp exibiu cinzas retiradas do Pantanal brasileiro durante uma sessão plenária realizada no Parlamento Europeu nesta quinta-feira, 10, em Estrasburgo, na França. As cinzas são da Terra Indígena Kadiwéu, localizada em Porto Murtinh

Juliana Domingos de Lima (via Agência Estado)

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Escrito por Juliana Domingos de Lima (via Agência Estado)
Publicado em 11.10.2024, 18:32:00 Editado em 11.10.2024, 18:39:17
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A eurodeputada Anja Hazekamp exibiu cinzas retiradas do Pantanal brasileiro durante uma sessão plenária realizada no Parlamento Europeu nesta quinta-feira, 10, em Estrasburgo, na França. As cinzas são da Terra Indígena Kadiwéu, localizada em Porto Murtinho (MS).

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Na sessão, que tratava das "consequências dos incêndios florestais devastadores na Amazônia e a importância do bioma para as mudanças climáticas", a representante dos Países Baixos fez um pronunciamento de cerca de dois minutos.

Em sua fala, chamou atenção para os incêndios florestais e o desmatamento nos biomas da América do Sul - citando a Amazônia, o Cerrado e o Pantanal - que são impulsionados pelas relações comerciais da Europa com a América do Sul, segundo afirmou a parlamentar.

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"Na Europa, somos cúmplices da destruição em massa dessas florestas, savanas e pântanos frágeis e vitais. A principal causa desses incêndios é o desmatamento implacável para que os agricultores possam dar lugar ao gado, que se torna carne e acaba no nosso prato", disse.

Integrante do Parlamento Europeu desde 2014, Hazekamp é bióloga, defensora dos animais e representa o Partido Holandês pelos Animais.

Ela também criticou o adiamento da regulamentação da lei europeia antidesmatamento (EUDR), "claramente destinado a permitir o fechamento do controverso acordo com o Mercosul" e que significará "a importação de ainda mais carne e ração e vai levar a um desmatamento ainda maior", segundo ela.

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No início de outubro, a Comissão Europeia pediu ao Parlamento e ao Conselho Europeu o adiamento de um ano da entrada em vigor da lei que proíbe a entrada no bloco de commodities de áreas desmatadas. A nova lei passaria a valer em 30 de dezembro deste ano, mas com o adiamento fica para dezembro de 2025.

Com o recipiente contendo cinzas do Pantanal em mãos, a eurodeputada ambientalista fez um apelo ao presidente da comissão para parar de importar produtos relacionados ao desmatamento e pôr fim às negociações do acordo entre UE e Mercosul, cobrando medidas pela proteção da Amazônia, Pantanal e Cerrado.

Mais de 60% de terra indígena foi queimada

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Em 2024, 2,3 milhões de hectares do Pantanal já foram consumido pelas chamas segundo dados do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Lasa/UFRJ). O número equivale a quase 16% do bioma.

Mais de 350.000 hectares de terras indígenas situadas no Pantanal já queimaram neste ano. A Terra Indígena Kadiwéu, no Pantanal de Mato Grosso do Sul, é a maior fora da Amazônia e teve cerca de 63% de sua área devastada pelo fogo, segundo os números do Lasa/UFRJ.

As cinzas que chegaram a Estrasburgo foram coletadas por um brigadista indígena na Aldeia Tomázia em 13 de setembro e entregues a líderes europeus pela organização Environmental Justice Foundation (EJF).

A entrega foi feita por Luciana Leite, defensora da biodiversidade e do clima na EJF, que esteve em Bruxelas no mês passado com o objetivo de chamar a atenção internacional para a situação do ecossistema no Brasil:

"O Pantanal é a maior área úmida tropical do mundo, e sua contribuição para a regulação climática beneficia a humanidade como um todo. Comprometer-se com a sua preservação fortalece o compromisso urgente que devemos ter com o enfrentamento às mudanças no clima no mundo, mas também com a sobrevivência das comunidades e povos tradicionais e indígenas que vivem nesse ecossistema único", disse.

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