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PMs apontam armas para adolescentes negros filhos de diplomatas em abordagem no Rio

Policiais militares apontaram armas para um grupo de adolescentes com idades entre 13 e 14 anos durante abordagem na porta de um condomínio em Ipanema, na zona sul do Rio de Janeiro. Dos quatro meninos, três eram negros e um era branco. A abordagem foi r

Redação (via Agência Estado)

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Escrito por Redação (via Agência Estado)
Publicado em 05.07.2024, 16:46:00 Editado em 05.07.2024, 16:51:26
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Policiais militares apontaram armas para um grupo de adolescentes com idades entre 13 e 14 anos durante abordagem na porta de um condomínio em Ipanema, na zona sul do Rio de Janeiro. Dos quatro meninos, três eram negros e um era branco.

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A abordagem foi registrada por câmeras de segurança. As imagens mostram os policiais descendo com pressa da viatura e apontando armas contra os jovens, que são conduzidos até um muro. Depois de revistar os adolescentes, os policiais os liberam e vão embora.

Os jovens negros são filhos da embaixatriz do Gabão e de diplomaras de Burkina Faso e do Canadá, que viajaram à cidade para passar férias. O adolescente branco é neto do jornalista Ricardo Noblat - em uma rede social, ele disse que os meninos estavam jogando futebol em uma praça do bairro momentos antes da abordagem.

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O episódio motivou um pedido formal de desculpas do Itamaraty aos embaixadores do Gabão e de Burkina Faso, e o anúncio de que o governo do Rio de Janeiro será acionado para que apure rigorosamente o ocorrido e responsabilize adequadamente os policiais envolvidos.

Segundo o Ministério das Relações Exteriores, um pedido de desculpas será entregue em mãos ao embaixador do Canadá ainda nesta sexta-feira.

Em relato publicado no X (antigo Twitter), a mãe do adolescente branco, Rhaiana Rondon, conta que os quatro amigos moram em Brasília e planejaram a viagem de férias há vários meses.

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Eles tinham acabado de deixar um amigo na porta do prédio, por volta das 19h, "quando foram abruptamente abordados por policiais militares, armados com fuzis e pistolas, e sem perguntar nada, encostaram os meninos (menores de idade) no muro do condomínio", disse ela.

"Com arma na cabeça e sem entender nada, foram violentados. Foram obrigados a tirar casacos, e levantar o 'saco'", acrescentou a mãe do jovem, que classificou a abordagem racista. O relato foi publicado na rede social pelo cunhado de Rhaiana, o jornalista Guga Noblat.

No texto, ela afirma adolescentes foram questionados sobre o que faziam na rua, e só foram liberados quando o menino brasileiro disse que eram de Brasília e estavam lá a turismo, já que os demais não falam português. Antes de serem liberados, os meninos teriam sido alertados "que não andassem na rua, pois seriam abordados novamente".

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Procurada, a Polícia Militar do Rio de Janeiro disse que os policiais envolvidos na ação usavam câmeras corporais e que as imagens serão analisadas para verificar se os agentes cometeram algum excesso.

"Em todos os cursos de formação, a Secretaria de Estado de Polícia Militar insere nas grades curriculares como prioridade absoluta disciplinas como Direitos Humanos, Ética, Direito Constitucional e Leis Especiais para as praças e oficiais que integram o efetivo da Corporação", acrescentou a instituição.

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'Forças de segurança veem no negro uma ameaça', diz reitor

José Vicente, reitor da Faculdade Zumbi dos Palmares, diz que o caso enfatiza "as duas dimensões que nós temos discutido nesta agenda, sobre racialidade e fator socioeconômico".

"Havia, em algum momento, uma teoria em que se dizia que o preconceito seria social e não racial. Ou seja, que se um negro tivesse dinheiro no bolso, ele não sofreria discriminação. Isso foi desmentido e este caso novamente desconfirma esta teoria. A descriminalização não é só social. Ela é racial, é aguda e é violenta", afirma.

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Mesmo sendo filhos de diplomatas, ressalta Vicente, e tendo boas condições financeiras, "esses adolescentes negros foram abordados pela polícia de forma violenta por conta da sua cor, pelo preconceito de cor".

"Jovens negros são constantemente hostilizados e agredidos pela polícia, por agentes do Estado. Isso é rotina para esta população. Todos os dias temos jovens negros violentados e isso se tornou tão comum que eles sequer se tornam estatística ou têm seus casos veiculados pela imprensa, principalmente quando são negros e pobres", aponta.

Neste caso, fica claro também, de acordo com o reitor, que, "se for contra filhos de diplomatas, as pessoas se levantam". "Mas se for contra filhos de lavadeiras, ninguém se levanta. A agressão não pode ser justificada contra ninguém. Precisamos de uma polícia cidadã, que não distingua as pessoas pela sua classe social e a sua raça".

"É preciso transformar a mentalidade do Estado, que é um Estado que agride os negros, e da policia, das forças de segurança, que veem no negro uma ameaça, um suspeito, para que ela possa ser, de fato, uma amiga e aliada do cidadão. É preciso parar de desumanizar o cidadão negro do nosso País."

*Este conteúdo foi produzido em parceria com a Faculdade Zumbi dos Palmares.

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