Uma policial militar fardada se negou a ajudar um jovem que estava sendo ameaçado por um homem que empunhava uma arma de fogo após afirmar que estava de "folga". O caso aconteceu em frente estação Carandiru, da linha 1-Azul do Metrô, na zona norte de São Paulo, na tarde do último domingo (12). O momento foi registrado em vídeo por uma testemunha e chama atenção. Veja no final da matéria.
Nas imagens, o homem armado, que foi identificado somente como Paulo, aparece apontando uma pistola para o rapaz. A mulher que acompanha Paulo pede repetidamente para que ele pare e abaixe a arma. Ela até mesmo entra na frente do jovem para protegê-lo. Duas crianças estão com o casal, uma menina e um menino, além de diversas pessoas que passam pelo local.
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Testemunhas relataram que o jovem teria tentado praticar um suposto crime, mas a informação não foi confirmada. Ele não estava armado. O rapaz pede desculpas para Paulo e fica assustado, colocando as mãos em frente ao rosto, ao ver a arma. O rapaz aproveita uma oportunidade e começa a correr, sendo seguido pela mulher e por Paulo. Nesse momento, ele se aproxima da policial militar, que está fardada, perto de uma das saídas do metrô.
"Liga no 190"
A testemunha que registra o vídeo informa à policial que o homem está armado. A PM faz um sinal com a mão, como se fosse um telefone, e diz "liga no 190". O rapaz, ao lado dela e ainda subjugado pela arma, pede para se sentar e leva um chute da policial. "Ela está de folga, saí daí seu tranqueira", afirma Paulo após a agressão da PM.
A violência assusta as crianças que acompanham o casal. Uma delas afirma querer ir para casa. A menina chega a gritar pedindo isso, mas é ignorada pelo homem armado. O jovem consegue fugir, correndo, após ser ajudado por um homem sem camisa. Paulo guarda a arma na cintura e sai caminhando do local.
"Vou te prender"
Quando a testemunha que faz o vídeo interpela a policial e pergunta "para quê a polícia serve”, a agente se exalta. “Se o senhor falar comigo desse jeito, eu vou te prender.” Ela afirma ao homem que ele a desrespeitou. “Você falou que eu não presto para nada. Quem não presta é você. Eu estou de folga, o procedimento é ligar 190 e pedir viatura.”
No entanto, ela não ligou para pedir apoio nos mais de três minutos em que Paulo circulou com a arma, na calçada e em meio a outras pessoas. O vídeo é interrompido quando a policial parte para cima da testemunha. Ao site Ponte Jornalismo, o homem que gravava a situação afirmou que a policial o “agarrou pelo pescoço”. Ele disse, ainda, que não queria criticar a policial, mas a corporação.
VEJA O VÍDEO:
Homem armado ameaça jovem negro e policial fardada se recusa a ajudar e ameaça jornalista
Ajudem a identificar os dois pic.twitter.com/6kPeMOAWY0continua após publicidade— Aquiles Marchel Argolo (@Aquiles_Argolo) November 14, 2023
Transgressão grave
O professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Rafael Alcadipani, afirmou que o policial “tem a obrigação” de atuar 24 horas, como é determinado pelas normas da corporação. “Diante dessa ação [do homem armado em frente à estação], a PM deveria ao menos ter acionado o 190, se percebesse que não tinha condições de atuar.”
A Polícia Militar afirmou ao portal de notícias Metrópoles, por meio da Secretaria da Segurança Pública (SSP) de São Paulo, que primeiramente apura o caso e investiga o paradeiro de Paulo. Após essa apuração, a corporação acrescentou que o caso “pode ser tratado como transgressão disciplinar grave”.
A PM alega que a policial foi omissa e que isso “não condiz com as expectativas da sociedade e muito menos com as responsabilidades do profissional de segurança pública, que deve agir prontamente sempre que presenciar um crime, estando ou não em serviço”.
Com informações Metrópoles.
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