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Perguntei como ela estava, e parou de responder, diz mulher que perdeu 4 da família

A costureira Cristiane Ramos, de 49 anos, era uma das dezenas de pessoas que na manhã desta quinta-feira, 17, esperava diante da Sala Lilás do posto de identificação do Instituto Médico-Legal (IML) de Petrópolis, na Região Serrana do Rio. Ela aguardava o

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 17.02.2022, 15:29:00 Editado em 17.02.2022, 15:35:45
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A costureira Cristiane Ramos, de 49 anos, era uma das dezenas de pessoas que na manhã desta quinta-feira, 17, esperava diante da Sala Lilás do posto de identificação do Instituto Médico-Legal (IML) de Petrópolis, na Região Serrana do Rio. Ela aguardava o momento de ser chamada para a liberação dos corpos da cunhada, Marise, de 42, e dos sobrinhos Yuri (13), Vitória (11) e Cláudio (4), que morreram soterrados após deslizamento provocado pelas chuvas de terça-feira, 15. A tragédia deixou pelo menos 106 vítimas.

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"Espero que isso acabe logo, para acabar de uma vez com o sofrimento da gente." Cristiane contou que foi a última pessoa a conversar com a cunhada. Quando começou a chuva, ela chamou Marise pelo WhatsApp para saber como estava a situação onde ela morava, em região próxima ao Alto da Serra, uma das áreas mais atingidas. "Toda chuvinha eu entrava em contato, porque a gente se preocupa. Chamei ela e perguntei como estava, e poucos minutos depois ela simplesmente parou de conversar", relembrou

"Ela falou que estava chovendo muito e que estava dentro de casa com as crianças. Ela disse que tinha ido buscar a menina (Vitória) no colégio e pegado chuva no meio do caminho. Disse também que, quando ela chegou em casa, tinha caído uma barreira na frente da casa."

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Minutos depois, Marise parou de responder. Os corpos dela e dos filhos foram resgatados já sem vida pelos bombeiros e encaminhados ao IML. Faltava, no fim da manhã desta terça, apenas a finalização dos trâmites burocráticos para eles serem liberados.

"Meu irmão (pai das crianças e marido de Marise) estava trabalhando quando aconteceu. Ele está arrasado", lamentou Cristiane. "Eu espero que liberem logo isso para acabar com o sofrimento da gente. Eu sei que não é só com a gente, todo mundo que está aqui está querendo ter notícias. É difícil, é muito sofrido."

Além dela, pelo menos outras 30 pessoas aguardavam em frente ao posto do IML para identificar os corpos de familiares ou, ainda, manter a esperança de encontrá-los com vida. De tempos em tempos, uma policial civil surgia na porta e lia uma lista de nomes.

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Um casal, que pediu para não se identificar, acompanhava a leitura com sentimentos conflitantes. Eles ainda têm a esperança de encontrar o filho com vida. "Ligamos para hospitais e para a polícia, pediram pra gente vir para cá", contou o pai.

O filho não morava em área de risco, mas estava em um ônibus que foi arrastado pelas chuvas para dentro de um córrego. "Nós identificamos ele num vídeo. É aquele de camisa preta com manga que brilha. No vídeo a gente vê ele saindo, mas a imagem corta quando passa por uma árvore. Não sabemos o que aconteceu depois", narrou a mãe.

A Polícia Civil montou uma força tarefa com cerca de 200 agentes, incluindo legistas, técnicos e auxiliares de necropsia. Um caminhão refrigerado está estacionado junto ao posto do IML para ajudar no armazenamento dos corpos.

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