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O que motorista de Porsche envolvido em acidente com morte disse em depoimento à polícia

O empresário Fernando Sastre de Andrade Filho, de 24 anos, afirmou que dirigia o Porsche "um pouco acima" do limite de velocidade da Avenida Salim Farah Maluf quando bateu na traseira de um Renault Sandero, causando a morte do motorista de aplicativo Orna

Gonçalo Junior (via Agência Estado)

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Escrito por Gonçalo Junior (via Agência Estado)
Publicado em 02.04.2024, 17:54:00 Editado em 02.04.2024, 17:59:29
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O empresário Fernando Sastre de Andrade Filho, de 24 anos, afirmou que dirigia o Porsche "um pouco acima" do limite de velocidade da Avenida Salim Farah Maluf quando bateu na traseira de um Renault Sandero, causando a morte do motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana, de 52 anos, na madrugada de domingo, 31. O limite da via é de 50 km/h. Ele negou que estivesse sob efeito de drogas ou bebidas alcoólicas.

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As afirmações do empresário constam no depoimento dado à Polícia Civil a que oEstadãoteve acesso. Ele se apresentou na segunda-feira, 1º, na delegacia que investiga o caso, quase 40 horas após o acidente. A Justiça de São Paulo negou o pedido de prisão que havia sido feito pela Polícia Civil.

Andrade Filho não determinou qual sua velocidade. "Estava um pouco acima do limite permitido, porém, não chegava a ser muito acima também", afirmou, sem dar números.

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A alta velocidade é o aspecto usado pelo delegado para tipificar o dolo eventual. O empresário foi indiciado por lesão corporal ao colega que estava no banco do carona, no carro de luxo e fuga do local do acidente, sem prestar socorro às vítimas.

A defesa dele, em nota assinada pelos advogados Carine Acardo Garcia e Merhy Daychoum, afirmou que o acidente foi uma "fatalidade".

No depoimento, Andrade Filho contou aos policiais que chegou a um clube de pôquer na Rua Marechal Barbacena, no Tatuapé, por volta das 23h de sábado. Ele estava acompanhado de um amigo de 22 anos.

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Ele disse ainda que seu amigo ingeriu bebida alcoólica, mas não estava dirigindo. Ainda de acordo com seu relato, ele e o colega ficaram no local até 2h de domingo e foram embora.

No trajeto até a casa do amigo, Andrade Filho relatou que trafegava com seu Porsche pela Avenida Salim Farah Maluf, no sentido Radial Leste, quando "viu a luz de freio de um veículo à frente acender e ao tentar desviar", colidiu com ele.

Conforme relato feito por testemunhas à Polícia Civil, o empresário do carro de luxo seguia em alta velocidade pela avenida. Ao fazer a ultrapassagem, ele teria perdido o controle do Porsche e batido contra a traseira do Sandero branco. As circunstâncias do acidente estão sendo investigadas pela Polícia Civil.

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Pelas imagens, é possível perceber a violência da colisão, que leva os dois carros para o canteiro da avenida. Um deles bate no poste de luz, o que provoca a queda imediata de energia elétrica no quarteirão.

O motorista do carro de luxo afirmou que "apagou" e disse que só recobrou a consciência depois que acordou deitado na avenida. Depois contou que viu seu tio e sua mãe no local.

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Após a colisão, o motorista de aplicativo Ornaldo Viana foi levado para o Hospital Municipal do Tatuapé, com quadro de parada cardiorrespiratória. A equipe médica tentou reanimá-lo, sem sucesso. O trabalhador morreu por causa de "traumatismos múltiplos".

Motorista afirma que policias autorizaram ida ao hospital

A Polícia Civil também investiga as razões para os policiais militares que atenderam à ocorrência terem liberado o empresário, que se apresentou quase 40 horas depois do incidente.

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No registro da ocorrência, policiais que atenderam o caso afirmam que a mãe de Andrade Filho compareceu ao local e disse que levaria o filho ao Hospital São Luiz, no Ibirapuera, zona sul, para tratar de um ferimento na boca. Quando os agentes foram até ao hospital para fazer o teste do bafômetro e colher sua versão do acidente, não encontraram nenhum dos dois.

O empresário negou a versão da PM de que tivesse fugido do local do acidente. Disse que foi o "último a sair do local com sua mãe" e que seu amigo e o Ornaldo já haviam sido socorridos.

Segundo Andrade Filho, pelo fato de "sentir muitas dores", os policias militares autorizaram a mãe dele a levá-lo a um hospital para ser atendido. Em nota assinada, os advogados Carine Acardo Garcia e Merhy Daychoum negaram que o cliente tivesse fugido do local do acidente e afirmou que ele apenas se "resguardou de linchamento".

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Em seu depoimento, o empresário admitiu que não foi para nenhum hospital porque sua mãe passou a receber "ameaças pelo celular". Ele afirmou que não viu quais ameaças porque sua mãe não havia deixado que ele visse as mensagens.

O ouvidor Claudio Silva disse à reportagem doEstadãoque a Ouvidoria da Polícia Civil acionou a Corregedoria da Polícia Militar para apurar a conduta dos agentes.

A pasta afirma que vai analisar a "dinâmica da ocorrência para identificar eventual erro de procedimento operacional". A secretaria não precisou quanto tempo levou entre a chegada da PM ao local e o registro da ocorrência.

Meu pai não merecia essa crueldade, diz filho da vítima

O motorista de aplicativo Ornaldo Viana foi velado e sepultado na tarde desta segunda no Cemitério Bonsucesso, em Guarulhos, na Grande São Paulo. "Meu pai não merecia essa crueldade", diz o filho da vítima, Lucas Morais, 28 anos, que tem a mesma ocupação do pai.

Viana nasceu em Codó, no Maranhão, e morava atualmente em Guarulhos. Pai de três filhos, o motorista era evangélico da IURD (Igreja Universal do Reino de Deus). Era do tipo brincalhão, extrovertido, riso fácil, de acordo com os amigos.

A dor da perda dá espaço à indignação. "Porque não fizeram o bafômetro? Por que liberaram ele (o motorista do Porsche)? Não entendo muito de lei, mas não podem liberar ninguém depois de um acidente daquele", disse Lucas aoEstadão.

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