Morreu na última quarta-feira (15), em Belo Horizonte (MG), mais uma pessoa intoxicada pela ingestão de cervejas da marca Backer. José Osvaldo de Faria, 66 anos, estava há mais de 500 dias internado no Hospital Madre Teresa, na capital mineira.
A morte de Faria é a 9ª morte associada ao consumo de produtos da cervejaria mineira, alvo de um inquérito policial que, no mês passado, resultou no indiciamento de 11 funcionários da companhia por homicídio, lesão culposa (sem a intenção de matar) e contaminação de produtos alimentícios.
Faria consumiu cervejas da marca Backer em fevereiro de 2019. Após manifestar os primeiros sintomas associados à síndrome nefroneural (dores, paralisia facial, embaçamento ou perda da visão, alteração sensório, paralisia motora, entre outros) comum, em maior ou menor intensidade, a todas as pessoas que ingeriram cervejas contaminadas por uma substância tóxica, foi internado e permaneceu na UTI por cerca de 500 dias. No fim de junho, ele foi transferido para um quarto, mas seu quadro ainda era considerado grave.
Em um vídeo divulgado poucos dias antes da morte do marido, a empresária Eliana Reis Faria descreveu o estado de saúde de Faria. “Ele saiu agora da UTI, após 500 dias. Foi para o quarto, mas está cego, não mexe as pernas, não fala, perdeu os rins, faz diálise todos os dias. Ele está em um estado deplorável”, afirmou a empresária ao criticar a decisão do desembargador Luciano Pinto, que um dia antes de se aposentar, decretou, em caráter liminar, a redução do bloqueio dos bens dos donos da empresa, de R$ 50 milhões para R$ 5 milhões.
Segundo a Polícia Civil mineira, diversos lotes de diferentes marcas de cerveja produzidas pela Backer foram contaminadas por duas substâncias tóxicas usadas em sistemas de refrigeração devido a suas propriedades anticongelantes: o monoetilenoglicol e o dietilenoglicol. Ao longo de cinco meses de investigação, os peritos encontraram vazamentos em equipamentos por onde as substâncias entraram em contato com a cerveja.
Ao concluir o inquérito e indiciar os 11 funcionários da companhia, a Polícia Civil contabilizava 29 vítimas intoxicadas pelas mesmas substâncias tóxicas encontradas na cerveja, além de sete mortes (uma oitava estava, então, sendo investigada) e dezena de casos em análise.
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