Após rumores da possível saída de Eduardo Pazuello do Ministério da Saúde, o presidente Jair Bolsonaro se reuniu, neste domingo (14) no Palácio da Alvorada, com a médica cardiologista Ludhmila Abrahão Hajjar. A profissional de saúde é cotada para administrar o ministério.
Porém, Hajjar não apoia a postura tomada pelo ministério e pelo presidente Bolsonaro durante a pandemia. A cardiologista, que acompanha entidades internacionais e várias evidências científicas, afirma que a cloroquina não tem eficácia contra o novo coronavírus. O medicamento é defendido pelo presidente e também indicado pelo Ministério da Saúde, que chegou a criar um software que orientava o uso da droga até para bebês.
Em entrevistas a médica criticou fortemente o medicamento. "Cloroquina não é vacina. Está sendo vista como salvadora, e não é". Após isso, várias evidências mostraram a falta de eficácia do medicamento contra a Covid-19.
“Não podemos tratar as pessoas com base em ideologias. A cloroquina, por exemplo, que foi extremamente ideologizada no início da pandemia, não serve para a Covid-19. Está completamente comprovado cientificamente", expressa a cardiologista.
"É uma medicação excelente para tratar outras doenças, mas os estudos mostraram que, tanto a hidroxicloroquina, quanto a cloroquina, não possuem eficácia na prevenção e no tratamento do coronavírus.”
Em uma recente entrevista, Ludhmila falou sobre a persistência na ideia de um suposto tratamento precoce, que não existe até o momento, à ignorância profissional de parte da classe médica e as pessoas tentando promover e ganhar clientes em um momento difícil para todos.
"Imagine se só o Brasil teria a cura dessa doença! Só os instagrammers, tuiteiros e os youtubers brasileiros saberiam como tratar a fase precoce. Isso é uma vergonha internacionalmente discutida", disse a médica. "Sabemos que cloroquina não funciona há muitos meses, que azitromicina não funciona há muitos meses, que ivermectina não funciona há muitos meses."
Os medicamentos citados por Hajjar, são defendidos por Bolsonaro, mesmo não tendo eficácia contra a doença, conforme aponta estudos.
A cardiologista defende o distanciamento e isolamento social, outro tema no qual Bolsonaro contraria autoridades científicas e de saúde.
"O Brasil fez tudo errado. O Brasil isolou de uma maneira heterogênea, cada cidade e estado de uma maneira. No momento ora apropriado, ora inapropriado. Deixou a população com informações muitas vezes equivocadas. Não investiu em testes, testou um número muito menor do que deveria ter testado", conta a médica.
A médica também já defendeu medidas mais rígidas de distanciamento para conter o aumento repentino de casos da Covid-19, que estão fora de controle.
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