A declaração do presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, sobre a possibilidade de criar uma subsidiária no Oriente Médio, surpreendeu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, gerando desconforto no governo. Em entrevista coletiva neste domingo, Lula afirmou não ter sido informado sobre a intenção de Prates e destacou que o presidente da estatal tem uma mente "muito fértil".
No sábado, em entrevista à "Bloomberg", o presidente da Petrobras anunciou o início de um estudo para viabilizar a abertura de uma subsidiária na região, denominada "Petrobras Arábia".
"Primeiro, você deve fazer essa pergunta para o Jean Paul Prates, porque eu não fui informado de que gente vai criar uma Petrobras aqui. Como a cabeça dele é muito fértil, e ele pensa numa velocidade de Fórmula 1 e eu funciono numa velocidade de Volkswagen, eu preciso aprender o que é isso que ele vai fazer", disse Lula.
Lula abordou o tema em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, durante a Cúpula do Clima da ONU. Durante o encontro global, ele defendeu a redução da dependência dos países em relação aos combustíveis fósseis, argumentando a necessidade de desenvolver alternativas renováveis para compor a matriz energética internacional.
"Se a Petrobras tem algum investimento para fazer aqui, eu não sei em quê. A Petrobras não vai deixar de prospectar petróleo. É importante lembrar isso. Porque o combustível fóssil ainda vai funcionar durante muito tempo na economia mundial. Enquanto ele funcionar, nós vamos conseguir pegar petróleo, nós vamos melhorar a qualidade da gasolina", afirmou o presidente.
A declaração de Prates gerou desconforto no governo. Auxiliares de Lula afirmaram que a postura do chefe da Petrobras foi vista como desrespeitosa por não consultar o presidente sobre o projeto.
Antes desse episódio, o plano de investimentos da empresa já havia causado desgaste interno por não incluir eixos considerados estratégicos pelo governo brasileiro, como a questão dos biocombustíveis. Após reuniões de alinhamento, o projeto foi corrigido. Segundo fontes, a "Petrobras Arábia" não consta do plano estratégico da estatal e foge da lógica do Brasil de produzir e gerar empregos no país.
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