A programação e a missão de Lisânio Facco estavam postas. Doador de medula para o irmão Claudecir, o mecânico de 32 anos planejava sair de Estrela Velha, no Centro do Rio Grande do Sul, por volta das 6h desta quinta-feira (2). O plano previa chegar com folga ao Hospital de Clínicas, em Porto Alegre, às 11h horas, quando deveria iniciar o procedimento para a doação. Mas a forte chuva que assola o Estado criou uma pequena aventura.
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A alta precipitação na região isolou, aos poucos, a cidade de pouco mais de três mil habitantes. Uma alternativa ao plano inicial precisou ser pensada, mas cada vez havia menos maneiras de chegar à Capital. No hospital, a tentativa inicial foi enviar a medicação para Lisânio. Ao entrar em contato com a Central de Transplantes do Estado, descobriu-se que um avião levaria um órgão para passo Fundo ainda na quarta (1º). A aeronave esperaria ele para trazê-lo a Porto Alegre.
— A cidade fica num lugar mais alto, então não está sofrendo tanto, mas todo o acesso terrestre está bloqueado — explica o mecânico.
Com isso, a missão de Lisânio passou a ser chegar em Passo Fundo, que fica há cerca de 150 km de sua casa, ainda na quarta. Foi necessário passar por um desvio de cerca de 80 km para que ele conseguisse embarcar no avião para a Capital.
Ele chegou a Porto Alegre ainda na noite de quarta-feira e ficará internado no Hospital de Clínicas até a próxima segunda-feira (6), quando será feita a coleta de medula para iniciar o transplante. Os irmãos ainda não se encontraram, pois Claudecir está em isolamento.
Este tipo de transplante é feito de maneira programada, com antecedência. O tratamento do doador e do receptor são simultâneos e o receptor fica com a saúde ainda mais fragilizada.
— O principal problema é o paciente que já começou a tomar os remédios para destruir a medula, que precisa ser reconstruída, O paciente fica mal, com maior chance de ter infecção, sangramentos, hemorragia. Agora, temos a segurança de dar continuidade ao preparo, até porque não sabemos como ficará a situação no Estado nos próximos dias — explica a doutora Liane Daudt, uma das responsáveis pela logística que permitiu a chegada do doador.
A medicação necessária começou a ser aplicada em Lisânio. São cinco dias de tratamento para induzir o crescimento das células-tronco antes da coleta e doação.
— Tava feia a coisa. Se ele não viesse, eu teria de suspender a quimioterapia. Fiquei triste ao saber a situação das estradas, fiquei abalado. Passei o dia nervoso, mas estou bem — revela Claudecir, internado desde 23 de abril.
Os primeiros sintomas de uma saúde mais debilitada começaram a surgir há cerca de três anos em Claudecir. A necessidade de um transplante de medula foi descoberta no segundo semestre do ano passado. Desde então, os dois passam por uma bateria de exames para aferir a compatibilidade.
— É maravilhoso poder fazer isso por ele, ajudar um irmão. Isso me dá uma grande satisfação ao poder ajudar o próximo — conta Lisânio.
As informações são do portal Gaúcha ZH
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