O aposentado Evandro Almada, de 72 anos, carregava há anos um desejo consigo: subir o ponto mais alto de uma serra no interior de Roraima. E com ajuda de amigos, ele conseguiu realizar seu sonho.
A aventura, batizada de "Missão Seu Evandro", durou quatro dias na Serra da Corcova, em Iracema, no Sul do estado. Seu Evandro necessita de cadeira de rodas para se locomover desde que tinha 52 anos, quando sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC) que limitou seus movimentos
Para subir os 1,04 mil metros de altura e chegar ao pico da serra, ele teve a ajuda de 34 aventureiros voluntários que fazem parte do projeto sem fins lucrativos chamado "Radical É Ser do Bem". O trabalho auxilia pessoas com dificuldades a realizar aventuras como fazer trilhas e subir montanhas.
"A maior dificuldade foi subir os 360 metros de uma pedra, fui puxado por uma corda. Teve muito carinho. Todo mundo do meu lado ajudando, não tive dificuldade, não, até porque não tem como ter dificuldades com pessoas te tratando bem e cuidando de você. Só tem alegria. Foi bonito demais", resumiu sobre a aventura.
O trilheiro Fredson Guedes, de 50 anos, e o alpinista Saul Pantoja, de 41, foram os coordenadores da expedição. Desbravadores de novos roteiros turísticos no estado, eles contam que a ideia de ajudar seu Evandro a realizar o sonho surgiu porque o aposentado é dono da propriedade que dá acesso à serra.
"Em uma dessas andanças procurando picos novos para conquistar, a gente viu essa serra. Perguntamos para as pessoas quem era o dono do acesso, aí a gente conheceu o seu Evandro, o dono do acesso. Pessoa simpática que recebeu a gente, achou meio estranho a gente subir só mesmo para ir lá em cima, para contemplar a visão, e falou que ninguém nunca havia subido lá", lembrou Fredson.
Para realizar a expedição foi necessário que o grupo utilizasse uma cadeira de transporte especial para esse tipo de atividade, chamada de "Julietti", doada pelo projeto "Montanha Para Todos".
"O melhor presente da minha vida foi subir naquela serra. Se eu morrer amanhã, morro feliz pois meu maior sonho eu realizei. Foi uma alegria inesquecível", declara o idoso.
Mesmo com o auxílio da cadeira, os coordenadores do grupo contam que a subida, que durou dois dias, sexta-feira (21) e sábado (22), não foi fácil e houve a necessidade de divisão de grupos entre os 34 voluntários para ultrapassar os diversos obstáculos no caminho. Mas o esforço, para eles, valeu à pena.
"O sorriso dele ao chegar no topo foi meu pagamento", relembra Saul.
O grupo de aventureiros era formado também por militares do Exército, dos Bombeiros, e até médicos e enfermeiros. Todos agora fazem parte da família de coração do seu Evandro, como ele mesmo diz.
"Saul e Fredson são uns amores de pessoas e me deram esse presente. Eu os considero meus filhos, adotei como filhos. Tenho poucas coisas, mas o que eu posso oferecer para as pessoas que vêm para a serra é só o amor, carinho, atenção e respeito. Eles sempre sobem a serra e acabaram se tornando minha família, e essa família só cresceu."
"Para mim foi uma emoção indescritível, só de ver a alegria dele e agradecendo todo mundo. Para mim foi um prêmio", diz Fredson.
Com informações: G1
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