Aos 82 anos de idade, a costureira aposentada, Nedir Bárbara, não tinha mais esperanças de realizar um de seus maiores sonhos: assistir uma partida de futebol do time do coração, o Cruzeiro, em um estádio.
A idosa é moradora do município de Barroso, no estado de Minas Gerais, e sempre foi apaixonada pelo "Raposa", mas devido a condição financeira da família e da distância da sua casa até a capital mineira, Belo Horizonte, que totaliza cerca de 196 quilômetros, o objetivo parecia inalcançável.
Na última semana, no entanto, a história de dona Nedir tomou um rumo totalmente diferente. Seu neto, o auxiliar de carregamento Bruno César de Paula, de 26 anos, conseguiu três vagas em uma caravana da região para o Mineirão, onde o Cruzeiro jogaria contra o Ponte Preta. Juntando dinheiro aos poucos, a família conseguiu comprar ingressos uma semana antes para a partida.
Filha de Nedir e mãe de Bruno, a empregada escolar Carla Cristina de Paula, de 45 anos de idade, conta que a idosa ficou apreensiva em um primeiro momento, mas a expectativa foi crescendo aos poucos. “Ela já foi ficando toda empolgada, e todos os dias antes do dia do jogo não parava de falar”, detalhou a mulher.
Carla relembra que sua mãe sempre assistia aos jogos na televisão e, até então, só tinha conseguido ver duas partidas da equipe de juniores do Cruzeiro na cidade. “Ela era uma das primeiras a chegar no estádio, mas seu verdadeiro sonho sempre foi ir ao Mineirão, assistir ao Cruzeiro Cabuloso e vê-lo vencer.”
Passado de superação
Com uma vida repleta de desafios, Nedir se tornou exemplo para a família. A aposentada perdeu o marido, José Flávio de Paula, há 41 anos, vítima de leucemia. Na época, eles estavam casados há apenas 12 anos e ela não trabalhava.
Desamparada, Nedir se viu sozinha com quatro filhos para criar. A mais velha tinha 12 anos e a mais nova, apenas 4 anos de idade. A busca por uma solução começou em uma fábrica de sapatos, onde ela conseguiu seu primeiro emprego para sustentar a casa.
“Aos trancos e barrancos”, como diz Carla, Nedir conseguiu se estabelecer e dar uma vida digna para os filhos. Alguns anos depois, ela foi contratada como costureira em um lar de idosos, onde trabalhou até seus 60 anos. Na data, ela se aposentou por invalidez em função de problemas na coluna. Diante dos fatos, o Cruzeiro era um luxo a que ela não podia se permitir.
Desde então, três filhos saíram de casa. Nedir, então, passou seus últimos anos ao lado de uma das filhas, Katia de Paula, de 51 anos, que trabalha no mesmo lar de idosos onde ela trabalhou, e de Bruno. Neto superprotetor, como define sua mãe, Bruno decidiu ficar com sua avó mesmo após Carla se mudar. “Ele é apaixonado por ela, sempre, sempre cuidando.”
Realização de um sonho
Carla conta que assim que conseguiu um trabalho com carteira assinada, Bruno passou a procurar formas de levar sua avó para ver uma partida no Mineirão. “No início deste mês, ele ficou sabendo de uma caravana que sairia de uma cidade aqui do lado, uns 40 minutos. O salário dele tinha caído e ele foi direto comprar o ingresso dele e da minha mãe”, relata.
Carla e Katia não perderam a oportunidade e usaram suas economias para comprar passagens no ônibus e ingressos para o jogo.
Na última quinta-feira (16), Katia, Carla, Bruno e Nedir entraram no ônibus e foram até o Mineirão. “Nossa, ela ficou muito feliz, não parava de dizer ‘Nossa, que legal, achei que nunca iria poder ver meu time de perto aqui, no Mineirão'”, afirma Carla.
Fonte: Informações do Metrópoles.
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