Com a morte de Heloísa dos Santos Silva, de 3 anos, neste sábado, 16, subiu para 11 o número de crianças mortas a tiros só este ano no Estado do Rio de Janeiro, a maioria por bala perdida, de acordo com a ONG Rio de Paz, que acompanha os casos de crianças mortas por armas de fogo, em operações policiais, nas favelas do Rio desde 2007. Esse número já é quase o triplo do ano passado, quando foram registrados quatro casos, segundo o levantamento.
Heloísa havia sido baleada no Arco Metropolitano do Rio de Janeiro, na região de Seropédica, Baixada Fluminense, na noite de quinta-feira, 7, durante abordagem da Polícia Rodoviária Federal (PRF). A criança estava dentro do carro da família quando foi atingida pelo tiro. Um dos disparos atingiu a coluna e a cabeça da criança. Heloísa ficou internada por quase 10 dias, mas não resistiu.
Segundo parentes da vítima, agentes da PRF abriram fogo contra o veículo da família, atingindo Heloísa na cabeça e na coluna. Além dela, estavam no carro o pai, a mãe, a irmã de 8 anos e uma tia.
O Ministério Público Federal (MPF), por meio da Procuradoria do Rio de Janeiro, pediu a prisão preventiva dos três agentes da PRF envolvidos na morte. Conforme o MPF, o pedido de prisão foi feito nos autos da investigação criminal aberta para apurar a ação da PRF durante a abordagem. A Justiça Federal ainda não se manifestou sobre o pedido de prisão formulado pelo MPF.
Em 2023, o Instituto Fogo Cruzado registrou 19 crianças baleadas na Região Metropolitana do Rio - 8 morreram. Desde 2007, a ONG Rio de Paz registra 102 vítimas, de 0 a 14 anos, grande parte delas negras e pobres.
Para o fundador da ONG Rio de Paz, Antonio Carlos Costa, vários fatores contribuem para a morte de meninos e meninas em tiroteio.
"O despreparo do policial, a falta de supervisão, a impunidade. Raramente esses policiais são punidos, a cultura policial brasileira, e o estímulo dado pela própria sociedade, que celebra a guerra e ignora o drama das famílias das vítimas", diz.
Em nota, a PRF informou que se solidariza com a família de Heloísa e que sua Comissão de Direitos Humanos está acompanhando a família para acolhimento e apoio psicológico. A corporação também abriu investigação sobre o caso.
Na semana passada, a PRF informou ter aberto procedimento para investigar o caso. Além disso, o ministro da Justiça, Flávio Dino, disse nas redes sociais que mandou acelerar a revisão de protocolos da PRF.
O Estadão entrou em contato com a assessoria de imprensa da Polícia Civil e também da Polícia Militar do Rio para comentar os dados e aguarda retorno.
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