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Galerista assassinado mudou testamento e excluiu ex-marido, acusado de ser mandante do crime

O galerista americano Brent Sikkema, de 75 anos, assassinado no dia 15 de janeiro, em sua casa, no Jardim Botânico, no Rio de Janeiro, excluiu de seu testamento o ex-marido Daniel Garcia Carrera, acusado de ser o mandante do crime. A exclusão, revelada pe

José Maria Tomazela (via Agência Estado)

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Escrito por José Maria Tomazela (via Agência Estado)
Publicado em 12.02.2024, 19:37:00 Editado em 12.02.2024, 19:44:31
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O galerista americano Brent Sikkema, de 75 anos, assassinado no dia 15 de janeiro, em sua casa, no Jardim Botânico, no Rio de Janeiro, excluiu de seu testamento o ex-marido Daniel Garcia Carrera, acusado de ser o mandante do crime. A exclusão, revelada pelo Fantástico, foi confirmada peloEstadão. Dono de uma fortuna que inclui imóveis nos Estados Unidos, em Cuba e no Brasil, Brent foi morto pelo cubano Alejandro Triana Prevez, que está preso. De acordo com o Ministério Público do Rio de Janeiro, Alejandro apontou Daniel Carrera, que é cubano e americano naturalizado, como cúmplice e mandante do crime.

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A exclusão de Daniel do testamento, aconteceu em maio de 2022 e levou o ex-marido a entrar com ação de divórcio contra Brent na Corte Suprema do Condado de Nova York. O processo está em segredo de justiça, mas oEstadãoteve acesso à movimentação. A juntada do testamento ao processo foi registrada no dia 2 de maio. Os dois estavam casados desde dezembro de 1993, mas já havia a separação de fato desde janeiro de 2022.

Conforme o depoimento à Polícia Civil de Simone Silveira Nunes, advogada que cuidava dos negócios do galerista e de seu ex-marido no Brasil, após a separação de fato, Brent alterou o testamento, colocando todo o seu patrimônio, que estava em nome de Daniel, para o filho menor de idade. Ela revelou que o galerista tinha dois testamentos, um confeccionado em Nova York, e o outro relacionado apenas aos bens do Brasil. Assim que Brent alterou o testamento, enviou uma cópia para ela.

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Segundo as declarações da advogada, Brent deixou os bens em nome do filho menor com algumas ressalvas, como a de que ele só vai dispor dos bens quando fizer 30 anos de idade. Daniel ainda tem a guarda da criança. Brent tinha também duas casas em Cuba, uma em Havana e outra em Varadero. Um desses imóveis, segundo a advogada, foi colocado em nome de uma tia de Daniel. Até a entrada do pedido de divórcio, o ex-marido assinava Daniel Sikkema.

Conforme a denúncia do Ministério Público do Rio de Janeiro, Alejandro havia trabalhado para o casal - Brent e Daniel - quando ainda morava em Cuba. Quando emigrou para o Brasil, em 2022, ele ficou desempregado e foi contratado por Daniel para matar o ex-patrão. Ele passou a receber um auxílio financeiro, que chegou a 1,8 mil dólares, e teve a promessa de receber 200 mil dólares após a execução do combinado.

Na noite do crime, Alejandro foi até a casa de Brent, certificou-se de que o americano estava sozinho e, usando as chaves fornecidas por Daniel, invadiu o imóvel. O cubano usou uma faca retirada de um faqueiro, na cozinha, para matar o galerista em sua cama, com várias facadas. Em seguida, ele lavou a arma e recolocou no faqueiro. Antes de deixar a casa, furtou 40 mil dólares e 30 mil reais que estavam sobre uma cômoda.

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Alejandro foi preso no dia 18 de janeiro, em Minas Gerais. No último dia 10, a juíza Tula Corrêa de Mello, da 3.ª Vara Criminal do Rio de Janeiro, converteu a prisão temporária dele em preventiva e decretou a prisão de Daniel Sikkema, acatando a denúncia do MP, de que ele seria o "autor intelectual e principal interessado no crime". A juíza determinou ainda que o mandado de prisão de Daniel fosse encaminhado à Difusão Vermelha da Interpol, já que o acusado se encontra no exterior.

O advogado de Alejandro, Gregório Andrade, disse aoEstadãoque a mudança no testamento teria sido a motivação do crime. "Houve a alteração do testamento e foi por isso que Daniel ajuizou a ação de divórcio. O Brent deixou R$ 1 milhão para o ex-marido anterior ao Daniel e o restante para o filho. Ele excluiu o Daniel e foi por isso que ele planejou o crime lá nos Estados Unidos e manipulou o meu cliente aqui."

Segundo o defensor, foram prometidos US$ 200 mil (pouco menos de R$ 1 milhão) a Alejandro para matar Brent. "Houve a promessa, mas ele não chegou a receber. Eram 200 mil dólares que ele iria receber e ficou tentado por isso." Segundo o advogado, Brent vinha se desentendendo com Daniel e havia mandado trocar a fechadura da porta da casa no Rio. "É preciso esclarecer de que forma o Daniel recebeu a nova chave lá nos Estados Unidos para dar acesso ao meu cliente. Vamos pedir uma acareação (colocar frente a frente) entre os dois, e também a reconstituição do crime."

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A reportagem entrou em contato com os advogados de Daniel, Jane Pearl e Marilyn Sugarman nos Estados Unidos e aguarda retorno. Também procurou as advogadas de Brent, Veronica Kapka e Aimee Richter, mas elas ainda não se manifestaram.

Brent era dono da Sikkema Jenkins & Co, uma das galerias de arte mais famosas de Nova York. Ele fundou a empresa em 1991, inicialmente na Wooster Street, no SoHo. Em 1999, a galeria migrou para a localização atual, na 530 West 22nd Street.

Brent começou a trabalhar com exposições artísticas e atuou como Diretor de Exposições no Visual Studies Workshop, em Rochester. Em 1976, Brent abriu sua primeira galeria. A Sikkema Jenkins se dedica também à exposição de fotos, esculturas e instalações. Entre os nomes presentes na galeria, estão os renomados Vik Muniz, Arturo Herrera, Sheila Hicks e Jeffrey Gibson.

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