Um estudo realizado pela Universidade de Liverpool, na Inglaterra, apontou que o vermífugo ivermectina teria eficácia no combate à Covid-19. O texto foi publicado na quarta-feira (20) no site do jornal ‘Financial Times’. Contudo, as interpretações do texto estão gerando polêmica nas redes sociais.
O trabalho foi divulgado em uma plataforma online e sem revisão de pares. Nesse caso, foi feita primeiro uma coleta sistemática de dados. É algo que cientistas chamam de meta-análise – uma revisão de estudos sobre o assunto, não um estudo original. A publicação em revistas acadêmicas e a revisão por pares, com checagem dos dados, são exigências globais para o estudo ter valor científico.
Pelo texto, o vermífugo seria capaz de reduzir os níveis de inflamação e eliminação do coronavírus, além de redução da mortalidade em até 75% - e reduziria também do tempo de internação.
Apesar de ter cravado esses números, o próprio autor da pesquisa, o pesquisador Andrew Hill, diz que que nenhum dos estudos analisados por ele é robusto o suficiente para que se estabeleça um nível de eficácia desse remédio. A frase consta no texto publicado no ‘Financial Times’. Por ora, o próprio estudo não recomenda o uso da ivermectina até que mais estudos sejam realizados.
“Muitos ensaios incluídos [no estudo] ainda não foram publicados ou passaram por revisão científica e meta-análises são sujeitas a confusão. Além disso, há uma grande variação nos padrões entre os ensaios, diferenças entre doses de ivermectina e a duração dos tratamentos foi heterogênea. A ivermectina deve ser validada em estudos maiores randomizados antes que os resultados sejam suficientes para revisão pelas autoridades reguladoras”, diz o estudo de Andrew Hill.
Contudo, defensores do medicamento passaram a compartilhar, em suas redes sociais, que a ivermectina é eficaz e que reduziria as mortes por Covid-19 em 75%. Os internautas, entretanto, não expõem mais detalhes da própria pesquisa, como as ressalvas de Andrew Hill. Nos dois últimos dias, o texto do ‘Financial Times’ foi traduzido para vários idiomas, como o português.
Nesta sexta-feira, agencias de checagem de notícias rebateram os internautas. Além disso, médicos criticaram a pesquisa de Hill e sua divulgação. “O indivíduo que fica tomando essa medicação achando que está protegido, acaba usando menos máscara, se expondo mais. E como a medicação não protege, isso leva ele a um risco maior de ter Covid”, disse o infectologista Alexandre Barbosa, professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp), a um site de notícias.
Com informações Bem Paraná.
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