Entre os mais de 250 mil professores da rede pública paulista, 13% relataram ter sofrido violência verbal ou física no último ano. Entre os alunos, esse índice chega a 36%. Os dados são de pesquisa do Instituto Locomotiva, que ouviu 1.250 estudantes maiores de 14 anos e 1.100 docentes, entre 30 de janeiro e 23 de fevereiro.
Para Renato Meirelles, presidente do Locomotiva, o resultado surpreende pelo tamanho da amostra e o que esses índices representam. Mais de 4 milhões de alunos estão matriculados no ensino fundamental ou médio na rede estadual. "Isso mostra que a violência está generalizada", afirma. A pesquisa foi encomendada pela Apeoesp, sindicato dos docentes da rede estadual.
Quando se consideram todos os casos de violência analisados pela pesquisa, além da física ou verbal, os índices crescem entre alunos e professores e chegam a 48% e 19%, respectivamente. No escopo do estudo, isso significa dizer que no último ano quase a metade dos estudantes sofreu alguma situação de agressão física ou verbal ou casos de bullying, discriminação, furto, assédio moral, assédio sexual ou assalto.
Estudantes (69%), familiares (75%) e professores (68%) concordam que há um nível médio ou alto de violência nas escolas da rede estadual, nas áreas centrais e periféricas das cidades paulistas. Isso leva à sensação de insegurança dentro de estabelecimentos públicos que deveriam ser locais de diálogo e aprendizado.
"O não debate da cultura de paz afeta negativamente. É cada vez mais necessário que se explique o que aconteceu (o ataque na Vila Sônia). Fingir que a violência não existe não vai levar à mudança dessa realidade", diz o presidente do Instituto Locomotiva.
PÓS-PANDEMIA
"Questões de saúde mental, como esgotamento, ansiedade e outros problemas mentais se tornaram mais relatados por alunos e professores (após a crise da covd-19)", diz Meirelles.
Após o ataque desta semana, o governo do Estado afirmou que vai ampliar programas de apoio psicológico para todas as escolas da rede pública. O governo estuda ainda contratar policiais da reserva para que fiquem de forma permanente nas escolas. Procurada para comentar a pesquisa, a Secretaria de Estado da Educação não respondeu até a publicação desta reportagem.
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