O tabagismo é uma doença e parar de fumar é muito importante para que a pessoa tenha uma vida saudável. Nesta quarta-feira, 31, é lembrado o Dia Mundial Sem Tabaco, data que marca ações para conscientizar sobre os riscos à saúde provocados pelo fumo. De acordo com Instituto Nacional do Câncer (Inca), o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece tratamento gratuito para quem quer largar o cigarro. No entanto, há quem prefira parar de fumar sozinho. Neste caso, orientações podem ajudar a pessoa a escolher o melhor caminho.
"Comece escolhendo uma data para ser o seu primeiro dia sem cigarro. Esse dia não precisa ser um dia de sofrimento. Faça dele uma ocasião especial. Para aumentar suas chances de sucesso, não tenha cigarros por perto. Programe algo que goste de fazer para se distrair e relaxar", orienta o Inca.
Causado pela dependência à nicotina, o tabagismo é a principal causa de câncer de pulmão, responsável por mais de dois terços das mortes por essa doença no mundo. A exposição ao fumo passivo em casa ou no local de trabalho também aumenta o risco de sua incidência, segundo o Inca.
Você pode escolher duas formas para deixar de fumar:
A parada imediata. Esta deve ser sempre a primeira opção. Você escolhe a data e, neste dia, deixa de fumar.
A parada gradual. Você pode utilizar este método de duas formas.
Confira a seguir quais são elas:
- Reduzindo o número de cigarros. Para isso, é só contar o número de cigarros fumados por dia e passar a fumar um número menor a cada dia.
- Adiando a hora em que começa a fumar o primeiro cigarro do dia. Você vai adiando o primeiro cigarro por um número de horas predeterminado a cada dia até chegar o dia em que você não fumará nenhum cigarro.
Caso a pessoa escolhe a parada gradual, é importante que não gaste mais de duas semanas neste processo.
"Se, depois de ter seguido essas orientações, não tiver conseguido parar de fumar sozinho, não desanime. Você também pode buscar locais que oferecem tratamento", acrescenta o Inca.
Programa Nacional de Controle do Tabagismo nos Estados brasileiros
O Inca é o órgão do Ministério da Saúde responsável pelo Programa Nacional de Controle do Tabagismo (PNCT) e pela articulação da rede de tratamento do tabagismo no SUS, em parceria com Estados, municípios e o Distrito Federal.
Uso de medicações para parar de fumar
O uso de medicamentos tem um papel bem definido no processo de cessação do tabagismo, que é o de minimizar os sintomas da síndrome de abstinência à nicotina, facilitando a abordagem intensiva do tabagista, de acordo com o Inca.
"Medicamentos, no entanto, não devem ser utilizados isoladamente, e sim em associação com uma abordagem correta. É fundamental que o tabagista se sinta mais confiante para exercitar e por em prática as orientações recebidas durante as sessões da abordagem intensiva", afirma o órgão.
Entre os medicamentos disponibilizados para o tratamento na rede pública estão: terapia de reposição de nicotina (adesivo transdérmico e goma de mascar) e o cloridrato de bupropiona.
Todo medicamento deve ser usado a partir da supervisão médica. "O médico, por meio de medicamentos, quer na reposição de nicotina ou na utilização de medicamentos que tenham resultados similares, consegue evitar a abstinência da nicotina. E com isso, o paciente vai conseguir parar de fumar mais facilmente e também evitar as recaídas no seu hábito de fumar", afirma José Elabras Filho, membro do Departamento Científico de Asma da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai).
O especialista lembra ainda que é importante evitar fatores que precipitam a vontade de fumar. "Muitas pessoas associam o hábito de tomar um cafezinho com a necessidade de fumar depois. Então, reduza o cafezinho. Se o paciente sofre de ansiedade ou de depressão, as doenças devem ser tratadas para que a pessoa não tenha recidivas após parar de fumar", afirma ele.
Efeitos do cigarro
A nicotina, presente em qualquer derivado do tabaco é considerada droga por possuir propriedades psicoativas, ou seja, ao ser inalada produz alteração no sistema nervoso central, trazendo modificação no estado emocional e comportamental do usuário que pode induzir ao abuso e dependência, conforme informações do Inca.
Considerada uma doença crônica, a dependência aumenta as chances de doenças, principalmente de câncer pulmonar. "O quadro de dependência resulta em tolerância, abstinência e comportamento compulsivo para consumir a droga, estabelecendo-se assim um padrão de auto-administração caracterizado pela necessidade tanto física quanto psicológica da substância, apesar do conhecimento de seus efeitos prejudiciais à saúde."
Abstinência
Considerada uma droga bastante danosa, a nicotina atua no sistema nervoso central como a cocaína, heroína e álcool, sendo portanto normal que, ao parar de fumar, os primeiros dias sem cigarros sejam os mais difíceis.
Quando o fumante para de fumar, pode apresentar alguns sintomas desagradáveis:
- Dor de cabeça;
- Tontura;
- Irritabilidade;
- Agressividade;
- Alteração do sono;
- Dificuldade de concentração;
- Tosse;
- Indisposição gástrica.
Quando acontecem, os sintomas acima tendem a desaparecer em uma a duas semanas, podendo em alguns casos chegar a quatro semanas.
Chamado de "fissura", a grande vontade de fumar é o sintoma mais intenso e difícil de lidar. "É importante saber que a fissura geralmente não dura mais que 5 minutos, e tende a ficar mais tempo que os outros sintomas. Porém, ela vai reduzindo gradativamente a sua intensidade e aumentando o intervalo entre um episódio e outro", aconselha o Inca.
Medo de engordar
A preocupação com o aumento de peso é uma das maiores barreiras para que alguns fumantes tomem a decisão de parar de fumar ou tenham recaídas após terem parado de fumar. "É importante entender que geralmente o ganho de peso após a cessação do tabagismo é temporário, sendo que na maioria dos casos, ocorre nos primeiros meses pós-cessação", afirma o órgão.
Veja quais são os benefícios caso a pessoa pare de fumar agora, segundo o Inca:
- Após 20 minutos, a pressão sanguínea e a pulsação voltam ao normal.
- Após 2 horas, não há mais nicotina circulando no sangue.
- Após 8 horas, o nível de oxigênio no sangue se normaliza.
- Após 12 a 24 horas, os pulmões já funcionam melhor.
- Após 2 dias, o olfato já percebe melhor os cheiros e o paladar já degusta melhor a comida.
- Após 3 semanas, a respiração se torna mais fácil e a circulação melhora.
- Após 1 ano, o risco de morte por enfarte do miocárdio é reduzido à metade.
- Após 10 anos, o risco de sofrer enfarte será igual ao das pessoas que nunca fumaram.
Segundo o Inca, parar de fumar sempre vale a pena em qualquer momento da vida, mesmo que o fumante já esteja com alguma doença causada pelo cigarro, tais como câncer, enfisema ou derrame.
Relação entre cigarro e asma
O cigarro é considerado um dos principais gatilhos para a asma, ou seja, pode agravar o quadro clínico do paciente de acordo com a Asbai. Segundo estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS), a asma atinge cerca de 235 milhões de pessoas em todo o planeta. No Brasil, a doença atinge de 10% da população nacional. Pode ser alérgica e não alérgica. A mais comum e que atinge, principalmente, as crianças é a asma alérgica.
- Crianças nascidas de mães que fumaram na gravidez ou que fumam após o nascimento têm maior propensão de ter asma.
- O cigarro, além de agravar a asma do fumante, agrava a asma das pessoas que estão próximas a ele, que inalam a fumaça passivamente.
Os sintomas são inflamação dos brônquios, provocando falta de ar, sibilância, tosse, dor no peito e opressão torácica.
Os sintomas costumam ser desencadeados por infecções respiratórias, exercício e exposição a alérgenos.
"Devemos ter ciência que o hábito de fumar tem relação direta com as doenças cardiovasculares, doenças respiratórias e doenças oncológicas. Temos, por exemplo, a doença coronariana, a doença vascular cerebral, a doença pulmonar obstrutiva crônica e o câncer de pulmão. Logo, o hábito deve ser combatido", afirma Elabras, membro do Departamento Científico de Asma da Asbai.
Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC)
Provoca a destruição do tecido pulmonar e inflamação nos brônquios. Estima-se que no Brasil cerca de 12% da população adulta tenha a doença, de acordo com a Asbai. Ela representa 5,5% das mortes na população adulta, com maior incidência à medida que a idade avança.
O tabagismo é uma das principais causas da doença, embora outros poluentes inaláveis, como fumaça de fogo de lenha e material particulado de motores a combustão também podem provocar a enfermidade.
O principal sintoma é a falta de ar, que muitas vezes o tabagista acha que se deve ao avançar da idade e ao sedentarismo. "Conforme a doença progride, a falta de ar torna-se cada vez mais intensa e pode ocorrer aos mínimos esforços, como tomar banho, vestir-se ou mesmo ficar repouso", afirma a Asbai.
Ainda segundo a entidade, pacientes com DPOC que continuam fumando têm a deterioração da sua doença mais acelerada que a daqueles que param de fumar.
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