Um padre brasileiro foi decisivo no desenvolvimento das telecomunicações ao criar o rádio antes de outros inventores famosos. Inclusive, o sacerdote foi perseguido por isso e acabou caindo em esquecimento por décadas. O protagonista desta história se chama Roberto Landell de Moura. Nascido em Porto Alegre no dia 21 de janeiro de 1861, o padre gaúcho não apenas foi contemporâneo de figuras como Nikola Tesla, Graham Belle Heinrich Hertz, mas também um dos primeiros a transmitir voz por ondas de rádio.
Apesar de suas inovações, a falta de apoio local e sua própria limitação em ambições resultaram em um legado relegado ao esquecimento.
A formação de um gênio
A história de Landell de Moura começa cedo, quando ainda era um adolescente.
Aos 16 anos, ele escreveu em seus manuscritos que havia inventado um aparelho telefônico semelhante ao criado por Graham Bell. No entanto, o caminho de Landell de Moura foi marcado pela indecisão.
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Em 1876, mudou-se de Porto Alegre para o Rio de Janeiro para estudar na Escola Politécnica, mas acabou convencido por seu irmão a seguir a vocação religiosa, mudando-se para Roma, onde entre 1878 e 1886, concluiu seus estudos eclesiásticos.
Embora sua formação formal tenha sido voltada para a religião, foi durante este período que Landell de Moura começou a desenvolver seu interesse por ciência, especialmente pela física, campo que abriria portas para suas descobertas revolucionárias.
O primeiro rádio
O grande feito de Landell de Moura, o que o coloca como pioneiro das telecomunicações, foi a realização de uma transmissão de voz via ondas de rádio, algo inédito para a época.
Em 1890, ele fez a primeira demonstração pública desse feito, em São Paulo, marcando a história como a primeira transmissão de voz sem fio, um marco para a tecnologia de comunicação.
No ano seguinte, Landell de Moura patenteou seu equipamento no Brasil, o que demonstrava sua crença no potencial da invenção. No entanto, sem apoio das autoridades brasileiras, o inventor tentou fazer sucesso nos Estados Unidos, onde conseguiu registrar patentes adicionais.
Ao voltar ao Brasil, sua invenção novamente encontrou resistência.
O governo brasileiro não deu o suporte necessário para que o telefone sem fio fosse aprimorado ou desenvolvido, o que resultou na estagnação de suas pesquisas.
O legado de Landell de Moura
Apesar das dificuldades, Landell de Moura deixou um legado importante para o campo das telecomunicações. Suas invenções, no entanto, eram limitadas.
Reproduções mais recentes de seu telefone sem fio mostraram que o aparelho funcionava, mas com uma qualidade de som bastante distorcida. Mas a falta de reconhecimento e investimento por parte do Brasil não diminuiu suas conquistas.
A invenção do telefone sem fio, embora pouco eficaz, foi um grande passo para a comunicação sem cabos.
Outra contribuição significativa de Landell de Moura foi sua descoberta de que as ondas curtas de alta frequência eram mais eficazes para transmissões de longas distâncias, uma ideia que só seria validada pela comunidade científica na década de 1920, muitos anos após sua proposta.
A televisão e o Teleforama
Entre as inovações atribuídas a Landell de Moura, destaca-se também a invenção de um dispositivo para transmissão de imagens, o que seria um precursor da televisão.
Em 1904, o inventor projetou um aparelho chamado Teleforama. No entanto, não há registros concretos de que o equipamento tenha sido montado ou testado, e os detalhes do projeto são bastante vagos.
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Apesar disso, a proposta de Landell de Moura antecipa, de certa forma, o conceito de transmissão de imagens via ondas eletromagnéticas, sendo uma ideia bastante avançada para sua época.
Entre a religião e a ciência
A vida de Landell de Moura não foi marcada apenas por descobertas científicas. Seu compromisso com a fé católica era tão forte quanto seu amor pela ciência.
De fato, suas pesquisas em eletromagnetismo acabaram por levá-lo a temas polêmicos, como a parapsicologia. Ele acreditava que seria possível estabelecer contato com os mortos por meio das ondas eletromagnéticas, o que gerou atritos com setores mais conservadores da Igreja Católica.
Em um episódio, seu laboratório foi vandalizado por devotos que não aceitavam sua abordagem.
Apesar dessas controvérsias, Landell de Moura nunca foi desacreditado pela Igreja.
Quando morreu, em 1928, aos 67 anos, vítima de tuberculose, recebeu os últimos sacramentos diretamente do arcebispo metropolitano de Porto Alegre, o que demonstrava o respeito que ainda existia por ele, tanto como religioso quanto como cientista.
Sua morte, no entanto, encerrou uma trajetória marcada pela inconstância, pela falta de apoio e, principalmente, pela falta de reconhecimento para as suas invenções.
A ignorância brasileira e o sucesso internacional de Marconi
Apesar de suas patentes e das inovações notáveis, Landell de Moura não obteve o mesmo reconhecimento de outros inventores de sua época, como o italiano Guglielmo Marconi, que é amplamente considerado o criador do rádio e venceu o Nobel de Física em 1909.
Marconi, ao contrário de Landell de Moura, teve o apoio do governo italiano, o que permitiu o desenvolvimento de suas invenções e consolidou seu lugar na história.
Essa falta de reconhecimento por parte das autoridades brasileiras foi um dos maiores obstáculos para o sucesso do padre gaúcho. Mesmo assim, ele continua sendo lembrado por sua visão avançada e suas contribuições para a evolução das telecomunicações.
O precursor do rádio e da televisão
Roberto Landell de Moura, embora ignorado por muitos durante sua vida, merece ser reconhecido como um dos grandes pioneiros das telecomunicações.
Sua invenção do telefone sem fio, suas descobertas sobre ondas de alta frequência e suas tentativas de desenvolver a televisão são marcos importantes na história da ciência.
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No entanto, sua história é também um reflexo de como o apoio institucional pode ser crucial para o desenvolvimento de grandes inovações. Por mais que o Brasil tenha falhado em reconhecer seu gênio, Landell de Moura permanece como um exemplo de perseverança e inovação.
Fonte: Click Petróleo e Gás.
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