A influenciadora digital Deolane Bezerra, presa na quarta-feira, 4, durante operação deflagrada pela Polícia Civil de Pernambuco que mira uma organização criminosa suspeita de envolvimento em jogos ilegais e lavagem de dinheiro, está na Colônia Penal Feminina do Recife (CPFR), na região metropolitana da capital. Ela e a mãe, Solange Bezerra, também detida na ação, estão na mesma cela.
A informação foi confirmada pela Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização de Pernambuco. As autoridades não detalharam as suspeitas que pesam sobre Deolane, que diz ser vítima de "grande injustiça".
Também conhecida como Bom Pastor, a Colônia Penal Feminina do Recife fica localizada na Rua do Bom Pastor, 1407, no Engenho do Meio, em Recife.
A unidade prisional é voltada para presas provisórias, funcionando como uma espécie de triagem. Segundo informações da CPFR, atualmente há 350 mulheres no local.
"Por se tratar de um caso de repercussão, a unidade prisional tomou as medidas cabíveis de segurança a fim de resguardar a integridade física da pessoa privada de liberdade, mantendo-a em cela reservada", disse a SEAP/PE.
Os demais tratamentos prestados à detenta, como visita de advogados e alimentação, seguem a rotina da unidade prisional. A Seap esclarece ainda que as visitas familiares ocorrem nos fins de semana.
A influenciadora deve passar por audiência de custódia ainda nesta quinta-feira, 5.
De exemplo à superlotação
Relatório divulgado em 2022 pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) sobre estabelecimentos prisionais de Pernambuco mostrou que, na época a unidade feminina, que tinha 285 vagas, divididas em três pavilhões e 45 celas, estava com 542 detentas - uma taxa de ocupação de 190%.
Procurada pela reportagem nesta quinta-feira, a Secretaria de Administração Penitenciária de Pernambuco ão comentou o relatório até a publicação desta matéria.
"A CPFR apresenta quadro de superlotação, com quase o dobro da capacidade projetada (542 pessoas para 285 vagas), o que piora sobremaneira as condições de habitabilidade na unidade, tendo em vista que muitas delas precisam dormir no chão ou compartilhando a cama com uma colega", consta no relatório divulgado naquele ano.
"Embora reconheçam que as obras melhoraram as condições da unidade, as pessoas presas se queixaram da presença de insetos e animais nas instalações da unidade, inclusive dentro das celas e, sobretudo, nos locais de castigo. Além disso, as pessoas relataram haver ratos - inclusive com adoecimento de pessoas por leptospirose - baratas, muriçocas (mosquitos) e outros animais que indicam insalubridade e que agravam as condições de permanência no local", destacou ainda o documento.
A unidade foi inaugurada em 1945, sendo a segunda mais antiga do sistema prisional pernambucano. Em geral, as presas vão para a unidade, após passarem por audiência de custódia.
Em 2018, a Colônia Penal Feminina do Recife foi considerada uma das quatro unidades que se destacaram como exemplo de boas práticas e no atendimento à mulher. Na ocasião, 24 unidades prisionais femininas do País foram visitadas pelo CNJ.
Na lista também apareceram como unidades exemplares a Unidade Materno Infantil (RJ), a Penitenciária Feminina de Cariacica (ES) e o Presídio Feminino Santa Luzia (AL).
Operação teve carros de luxo e aeronaves apreendidos
Além de 19 mandados de prisão, a Operação Integration cumpriu 24 mandados de busca e apreensão domiciliar, sequestro de bens (carros de luxo, imóveis, aeronaves e embarcações) e valores. Também foi pedido o bloqueio de ativos financeiros no valor de R$ 2,1 bilhões.
As autoridades dizem que entre os alvos estão grupos ligados a bets (sites de apostas esportivas), mas afirmam que o alvo da investigação são atividades não permitidas pela lei (apostas esportivas são regulares).
Os mandados foram cumpridos no Recife (PE), Campina Grande (PB), Barueri (SP), Cascavel e Curitiba (PR) e Goiânia (GO). Todos eles foram expedidos pelo Juízo da 12ª Vara Criminal da Comarca da capital pernambucana.
A investigação começou com apreensão de R$ 180 mil e já está na 3ª fase. É voltada para um esquema de lavagem de dinheiro adquirido por meio de jogos de azar e dividida em três fases: aquisição, ocultação e integração do dinheiro ao patrimônio dos envolvidos - esta última ocorre é a que motivou a prisão de Deolane.
Os sites VaideBet e Esportes de Sorte afirmam cumprir a legislação e dizem estar à disposição das autoridades. Já Deolane afirma ser vítima de "grande injustiça" e sua defesa acrescenta tratar as questões legais com "seriedade e transparência".
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