O corpo do menino de 4 anos que morreu durante uma ação da Polícia Militar no Morro do São Bento, em Santos, foi enterrado nesta quinta-feira, 7, no Cemitério da Areia Branca, no litoral paulista. Ryan da Silva brincava na rua quando foi atingido por um tiro na barriga. Ele foi levado ao hospital, mas não resistiu. Segundo a PM, pela dinâmica da ocorrência, o tiro foi disparado provavelmente por um policial.
Amigos e parentes se reuniram para prestar homenagens a Ryan. Eles usavam blusas brancas, e soltaram balões brancos. Foi realizado um cortejo até o Morro São Bento antes do sepultamento. Na cerimônia, a mãe do menino estava à frente, ao lado do caixão, na cadeira de rodas. Ela estava em estado de choque.
O pai do menino, Leonel Andrade Santos, morreu em fevereiro, aos 36 anos, após ser baleado por policiais durante a Operação Verão.
Outros dois adolescentes foram atingidos durante uma troca de tiros entre os policiais e suspeitos. Um deles morreu. A ação ainda deixou uma jovem de 24 anos, vítima de bala perdida, ferida de raspão.
Na quarta, entidades como a Ouvidoria da Polícia do Estado de São Paulo, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública e o Instituto Sou da Paz, além de parlamentares como os deputados estaduais Eduardo Suplicy (PT) e Ediane Maria (PSOL), divulgaram nota de repúdio e indignação com as mortes.
Presente no velório, o Ouvidor da Polícia, Cláudio Aparecido, classificou a situação como estarrecedora e elevou o tom contra o comando da PM por conta da presença de viaturas e policiais no velório do menino. Parentes da vítima também relataram ao Estadão a falta de respeito com a cerimônia e o clima de intimidação por parte da PM. O ouvidor chegou a discutir com um dos policiais da força tática que estava no local. Procurada, a Secretaria da Segurança Pública ainda não se manifestou.
"Tenho certeza absoluta que o esse policial que praticou essa atrocidade contra essa criança, ele deve estar desesperado. Imagino que ele deve estar desesperado. Essa certeza eu não tenho em relação ao comandante dele porque mandar viaturas para porta do velório, impedir cortejo, atrapalhar cortejo, é uma falta de respeito, de vergonha na cara. É isso que a gente está vivenciando com a política de segurança pública no Estado de SP."
"É estarrecedor, desesperador. Não sei como encontrar palavras para classificar o que está acontecendo aqui na Baixada Santista, o que está acontecendo com a política de segurança pública no Estado de SP. A gente não tem condições de admitir que a principal política de segurança pública que o estado tenha a oferecer para as pessoas seja a política de morte."
Em nota enviada na quarta, a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) informou que os policiais reagiram ao serem atacados por um grupo com cerca de 10 suspeitos. Os agentes faziam patrulhamento em uma área de tráfico de drogas quando foram recebidos a tiros. A Polícia Civil abriu inquérito e determinou perícia nas armas apreendidas no local para esclarecer a origem do tiro que matou a criança.
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