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Conto infantil de Ana Primavesi explica o ciclo da água e dá pistas sobre a seca no Brasil

Em tempos de seca extrema, incêndios e uma nuvem de fumaça se espalhando pelo Brasil, novamente a engenheira agrônoma Ana Maria Primavesi, falecida há quatro anos, aos 99 anos, vem nos ensinar a importância de preservar solo, água e florestas. Apontando,

Tânia Rabello (via Agência Estado)

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Escrito por Tânia Rabello (via Agência Estado)
Publicado em 11.09.2024, 11:41:00 Editado em 11.09.2024, 11:47:43
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Em tempos de seca extrema, incêndios e uma nuvem de fumaça se espalhando pelo Brasil, novamente a engenheira agrônoma Ana Maria Primavesi, falecida há quatro anos, aos 99 anos, vem nos ensinar a importância de preservar solo, água e florestas. Apontando, sempre, o caminho para se reverter a triste e atual crise climática no Planeta.

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Considerada a precursora da agroecologia em terras tropicais, e referência quando se trata de preservação da vida dos solos - ensinamentos dos quais, hoje, a agricultura empresarial vem prestando cada vez mais atenção, mesmo que a ela não dê o devido crédito -, a agrônoma escrevia livros científicos, mas também sabia falar com as crianças sobre temas ambientais.

Prova disso é o livro recém-lançado Tatá, Pepe e Gigi: as Três Gotinhas de Chuva, pela Editora Expressão Popular. A história para crianças, extraída do compilado A Convenção dos Ventos - Agroecologia em Contos, descreve como funciona o ciclo da água no Planeta por meio da jornada dessas três gotinhas - uma boa forma de se ensinar o tema em ambiente escolar.

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A aventura das personagens mostra como este ciclo ocorre naturalmente em um ambiente preservado e como o ser humano vem conseguindo interrompê-lo, com desflorestamento e compactação do solo, que resultam em secas, erosão, tempestades e enchentes cada vez mais incontroláveis - vide a tragédia recente no Rio Grande do Sul.

Na primeira parte do conto, Tatá, Pepe e Gigi se divertem caindo de uma nuvem como chuva sobre a floresta, usando folhas como escorregador, pousando suavemente sobre um colchão de folhas caídas no chão da mata e, finalmente, chegando ao solo, onde topam com inúmeros túneis. Curiosas, penetram nessas cavidades e, ali, aprendem a levar minerais para alimentar as raízes das plantas ou abastecer o lençol freático. Assim, conseguem manter a floresta úmida, viva e alimentada. Cumprida esta função, voltam a evaporar, seja das copas das árvores, seja de lagos ou rios, e a ser nuvem, preparando-se para cair no mar, evaporar novamente e irem "se divertir" em outra parte do Planeta.

Com um ambiente preservado, esse "playground" natural seria palco infinito de diversão para as gotinhas. Mas, em tempos de crise climática, como o atual, quando retornam anos depois a cair como chuva, não encontram mais a floresta, e sim plantações e o solo fechado, compactado, para recebê-las. Sem penetrar na terra, escorrem sobre a superfície, transformando-se em enchentes ao se juntarem com bilhões de outras gotinhas que também foram barradas. E os agricultores, que esperavam a água para banhar seus plantios, só veem Tatá, Pepe e Gigi irem cada vez mais para o alto e bem longe, por causa da rápida evaporação ocasionada pelo calor excessivo do solo, indo cair na forma de violentas torrentes em outra freguesia, com solo igualmente compactado.

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"Gigi olhou para trás e sentiu pena das plantas que, apesar da chuva, iriam ficar sem água, porque somente a água que entra na terra rega as raízes", conta, no livro, Primavesi. E o que as plantas vão fazer? "Morrer de sede, numa seca danada."

O livro, que serve de alerta também para adultos, não poderia ter sido lançado num momento mais propício de seca extrema pela qual passa o Brasil. E nada como conscientizar as crianças sobre a importância da preservação ambiental, como fez, ao longo de mais de 70 anos, a visionária Ana Maria Primavesi. O livro custa R$ 28 e pode ser adquirido no site da Expressão Popular, no link https://encurtador.com.br/QUxOY

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