A Polícia Federal do Rio Grande do Sul desarticulou nesta terça-feira, 16, uma quadrilha especializada no tráfico de cocaína para a Europa. A organização utilizava um método conhecido como "parasita", onde a droga era escondida em compartimentos submersos de cargueiros que partiam do Porto de Rio Grande, no extremo sul gaúcho.
Organizações criminosas têm apostado nesse tipo de estratégia para driblar a fiscalização, diante da dificuldade de identificar as cargas ilegais submersas. O Estadão mostrou que a técnica também tem sido a aposta mais recente do Primeiro Comando da Capital (PCC) para exportar drogas pelo Porto de Santos.
Durante as ações, policiais federais com o apoio da Brigada Militar, cumpriram 26 mandados de busca e apreensão no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina e no Paraná e 12 mandados de prisão preventiva.
Dez pessoas foram presas preventivamente por envolvimento no esquema, sendo 9 delas no Brasil e uma na Alemanha. Dois suspeitos, um do Paraná e outro do Rio Grande do Sul, seguem foragidos.'
'É importante lembrar que uma dessas ordens judiciais foi cumprida com o apoio da Interpol, Aeropol e da Polícia alemã, em que prendeu na manhã desta terça-feira (16), um indivíduo que seria um dos líderes dessa organização criminosa. O suspeito residia na Alemanha e foi detido na cidade portuária de Bremerhaven'', explicou o delegado Matheus Vivacqua Cechet.
Ele afirmou que foram cerca de dois anos de investigação, onde conseguiram identificar os integrantes da quadrilha internacional. ''Identificamos que os membros dessa organização criminosa, tanto no Porto de Rio Grande (RS) quanto no porto de Paranaguá (PR), utilizavam mergulhadores para contaminar e inserir drogas nos cascos dos navios que atracavam no porto gaúcho'', afirmou.
"No fim de 2023, conseguimos identificar que a quadrilha conseguiu contaminar um navio em Rio Grande. Esse navio tinha destino a Espanha, no Porto de Las Palmas. Fizemos contatos com as autoridades policiais de lá e apreenderam 198 kg de cocaína que partiram daqui", ressaltou o delegado.
O grupo enviava cocaína para outros países utilizando mergulhadores para esconder a droga na caixa de mar das embarcações.
A caixa de mar é um compartimento localizado na parte externa da embarcação, abaixo da linha da água, e tem por função é resfriar o motor, abastecer o sistema de combate a incêndio e descarregar água do navio.
Durante a operação policial, foram apreendidos documentos, além de embarcações de Itajaí (SC), veículos e diversos aparelhos celulares.
Outras três pessoas foram presas em flagrante por portarem armas sem registro. Um laboratório de drogas clandestino, onde a quadrilha processava e preparava os entorpecentes para venda e envio para a Europa, foi descoberto e interditado pela PF.
Batizada de 'Escafandrista', o nome faz referência ao equipamento de mergulho usado entre os séculos 19 e 20.
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