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Como era o perfume de Cleópatra? Cientistas conseguiram recriar a receita

Cientistas da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) recriaram o perfume que teria sido usado há três mil anos por Cleópatra - a rainha que governou o Egito de 51 a.C a 30 a.C e é considerada uma das mulheres mais importantes da antiguidade. À base

Roberta Jansen (via Agência Estado)

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Escrito por Roberta Jansen (via Agência Estado)
Publicado em 23.08.2023, 20:30:00 Editado em 23.08.2023, 20:34:29
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Cientistas da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) recriaram o perfume que teria sido usado há três mil anos por Cleópatra - a rainha que governou o Egito de 51 a.C a 30 a.C e é considerada uma das mulheres mais importantes da antiguidade. À base de canela, mirra e resina de pinheiro, o perfume era um dos mais famosos e exclusivos do antigo Egito. A fragrância está em exposição no campus universitário.

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A receita do perfume foi recuperada originalmente por cientistas alemães que a publicaram em um artigo científico em 2021 sob o nome de "Eau de Cleopatra". Vários escritos antigos mencionavam a existência de um perfume muito famoso, fabricado na cidade de Mendes, uma região que funcionava como entreposto comercial e abrigava também uma fábrica de frascos de vidro para fragrâncias, cujas ruínas foram achadas em 2012.

As pesquisas de Dora Goldsmith, uma egiptóloga especializada nos cheiros do antigo Egito, levaram à recriação da receita original. Como o perfume era usado apenas pela classe alta, cientistas acreditam que a própria Cleópatra também o tenha usado. A última rainha do Egito ficou conhecida por sua grande habilidade política, personalidade marcante e, também, por sua vaidade e especial fascínio por essências aromáticas.

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O resultado é um perfume adocicado e amadeirado bem diferente dos aromas atuais, segundo os cientistas. Até porque, explicam, o álcool só entrou na formulação de fragrâncias em 1.200. No antigo Egito, as essências eram diluídas em óleos.

"Especificamente no caso do Egito, eles usavam como base o óleo de balanos, de uma árvore conhecida como a tâmara do deserto (Balanites aegyptiaca), que praticamente não tem nenhum cheiro, e nele, cozinhavam a resina de pinheiro, a mirra, a canela acácia e a canela verdadeira", explicou a química Anelise Regiani, coordenadora do Laboratório Quimidex, do Departamento de Química da UFSC.

"As duas canelas têm cheiros bem distintos, o da acácia é mais amadeirado e o da verdadeira é mais parecido com o da canela que usamos até hoje. A mirra tem um aroma adocicado, balsâmico, que, para muita gente, remete à uva passa. E tem ainda a resina de pinheiro, que dá um frescor", explicou a especialista. "O cheiro é muito bom, muito gostoso, a gente sente bem o especiado da canela e o adocicado da mirra."

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A mirra, lembra Anelise Regiani, era muito apreciada no antigo Egito. Tanto que uma outra governante egípcia, Hatshepsut, conhecida como rainha faraó, enviou uma expedição ao sul do rio Nilo em busca das árvores de mirra.

"Era o perfume dos deuses para os deuses e, no caso dos faraós, para a personificação dos deuses na Terra", resumiu a especialista.

O perfume de Cleópatra foi especialmente recriado pelos químicos da UFSC, com base na receita recuperada pelos alemães, para a exposição "A química dos perfumes", em cartaz no campus universitário. Em cinco módulos, a exposição reconta a história do perfume desde os seus primórdios.

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Segundo Anelise, a palavra perfume vem do latim e significa fumaça. O nome está associado aos tempos da descoberta do fogo, quando deuses eram homenageados por meio da queima de plantas aromáticas. Chama atenção também o módulo destinado à perfumaria brasileira.

De acordo com dados da consultoria Euromonitor Internacional, o Brasil é, atualmente, o segundo maior mercado consumidor de fragrâncias, perdendo apenas para os Estados Unidos. Números da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos indicam que o setor movimentou US$ 1,5 bilhão no ano passado.

"A história da perfumaria no Brasil começa muito antes da chegada dos europeus e da família real", conta Anelise. "Vêm dos indígenas o nosso hábito de tomar vários banhos diários e de usar ervas cheirosas para o banho. Os africanos escravizados trouxeram os hábitos do banho de cheiro, de lavar o chão com água perfumada, de lavar roupa com água perfumada, que estão relacionados às religiões de matriz africana."

"A gente bota perfume até no inseticida e na água sanitária", constata a especialista. "Compramos perfume de litrão e temos um verdadeiro guarda roupa olfativo; uma fragrância para a academia, outra pro trabalho, outra para a balada, uma mais especial para um encontro romântico, sem falar das que a gente usa na casa."

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