As trágicas enchentes que atingiram a região do Vale do Taquari, no Rio Grande do Sul, deixaram um rastro de destruição não apenas em residências, mas também nas indústrias locais, em especial nas cidades de Encantado, Muçum e Roca Sales. A passagem de um ciclone extratropical pelo Estado provocou ao menos 42 mortes e 46 pessoas ainda estão desaparecidas, segundo o boletim mais recente da Defesa Civil. O impacto econômico das inundações é uma séria preocupação, já que muitas indústrias enfrentam perdas substanciais que podem resultar em demissões em massa. O empresário Ricardo Fontana, de 55 anos, proprietário da Fontana, indústria de produtos de higiene, limpeza e oleoquímicos, teve sua empresa completamente destruída devido às enchentes. A enxurrada de água foi tão grande e forte que acumulou mais de 60 cm de lodo dentro das instalações. Todo o maquinário e componentes eletrônicos foram destruídos. A indústria fica localizada no bairro Santa Clara, uma das áreas mais afetadas pelas enchentes do Taquari no município de Encantado. "Com certeza a gente vai necessitar, e muito, da ajuda dos governos estadual e federal. Tanto ajuda financeira, como na questão tributária do recolhimento dos impostos", disse. A Fontana conta atualmente com 280 funcionários, e muitos estão preocupados com o que vem pela frente. "A empresa precisa de no mínimo 30 dias para se recuperar e estimamos um prejuízo em torno de R$ 5 milhões. Os trabalhadores estão bem preocupados e pensam que vão perder seus empregos", disse Fontana.
A Cooperativa Dália Alimentos, uma das maiores da região do Vale do Taquari, teve todas suas indústrias afetadas pelas enchentes: frigoríficos de suínos em Encantado, uma queijaria, uma indústria de leite e um abatedouro de frangos em Arroio do Meio. "O frigorífico de suínos em Encantado, o mais afetado pelas enchentes, não está funcionando e não tem previsão de operação porque a água atingiu todo o sistema de geração de energia elétrica, os geradores e o sistema de refrigeração. Não temos nem condições de definir os prejuízos, mas serão muito grandes", lamentou o presidente executivo da Dália, Carlos Alberto de Figueiredo Freitas. A Cooperativa Dália possui 2.900 funcionários distribuídos entre fábricas de rações, supermercados e frigoríficos. "Primeiro, tem que ser necessário uma postergação dos impostos. No momento em que o governo dá um prazo maior para pagar os impostos, isso é um capital de giro que as empresas têm para continuar operando e consequentemente, gerando empregos, afirmou Freitas. Na sexta-feira, 8, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), anunciou, entre outras medidas, R$ 1 bilhão em linhas especiais de crédito do banco estatal Banrisul. R$ 500 milhões: prefeituras poderão realizar uma antecipação do valor que receberiam em repasses do Estado até 2025 pela compensação de perdas com a redução de ICMS nos combustíveis em 2022; R$ 300 milhões: via Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar para o financiamento de tratores, construção, reformas, máquinas, implementos, sistemas produtivos e infraestrutura, entre outros; R$ 100 milhões: para o financiamento de giro de longo prazo, preferencialmente para as categorias de Micro Empreendedor Individual e micro, pequenas e médias empresas; R$ 100 milhões: para a construção e reforma de casas. "Os comércios, em alguns lugares, foram todos destruídos, e com isso o meio de vida de muitas pessoas se perdeu. Por isso, precisamos apoiar esse processo de restabelecimento", disse o governador Eduardo Leite. "Estamos buscando, junto ao BNDES, maneiras de organizar novos caminhos para ajudar na reconstrução da economia dessas cidades." Já o governo federal fará o repasse de R$ 800 por pessoa desabrigada aos municípios para que as prefeituras custeiem alojamentos, abrigos e alimentação e autorizou a antecipação do saque do FGTS.
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