O ciclone que passa pelo Sul do País desde quarta-feira deixou até a noite desta quinta-feira, 13, um idoso morto em Rio Grande, no interior gaúcho, e 20 feridos. Em todo o Estado, mais de 800 mil pessoas ficaram sem energia elétrica. Nesta quinta, o fenômeno climático já se direcionava ao Oceano Atlântico, mas seus impactos serão sentidos até o fim desta semana, dizem os meteorologistas. Desde o litoral gaúcho até a costa do Rio de Janeiro, deve haver vento forte e chuva e a frente fria avança até parte do Centro-Oeste.
Reflexo do ciclone, fortes ventos registrados ontem no Estado de São Paulo causaram as mortes de uma idosa em Itanhaém, no litoral, e de uma jovem em São José dos Campos, no interior.
Entre a madrugada e a manhã desta quinta, o vento chegou a 140 km/h no litoral sul gaúcho. Temporais e ventos fortes causam transtornos na região metropolitana de Porto Alegre, na região dos vales, na serra gaúcha e no litoral norte do Rio Grande do Sul, segundo a Defesa Civil.
Segundo o governo gaúcho, o idoso que morreu estava em casa quando o imóvel foi atingido por uma árvore. "Provavelmente nas próximas horas e dias, haverá possibilidades de enchentes em várias regiões do Estado, o que nos coloca em uma situação de alerta", disse o governador em exercício, Gabriel Souza (MDB).
Estragos
Sede Nova, no noroeste do Estado, foi uma das cidades mais atingidas pelo ciclone. Praticamente todo o perímetro urbano registrou estragos como destelhamento de prédios públicos e comerciais e residências, além de quedas de árvores e postes. Houve falta de luz e seis feridos, com lesões e fraturas, no temporal.
A rede estadual suspendeu as aulas ontem, por risco de alagamentos. Também ocorreram interdições de estradas.
Frio
A temperatura cai ainda mais e pode gear nos três Estados da Região Sul, de acordo com o Climatempo. Esses efeitos climáticos tendem a "subir" o País conforme o ciclone se afasta - o que diminui a intensidade dos ventos e chuvas. A Marinha emitiu, no início da semana, alerta de ressaca no mar, ventania e ondas de até 4,5 m no litoral de Santa Catarina a São Paulo. Agora, o alerta também vale para o litoral do Rio de Janeiro, onde as ondas devem chegar hoje a 4 m.
A temperatura vem caindo e as rajadas de vento aumentando em São Paulo desde quarta. A velocidade do vento variou entre 40km/h e 50km/h na Grande São Paulo e no interior do Estado, segundo a Climatempo. A ventania também interrompeu o serviço de balsas entre Bertioga e Guarujá.
Uma mulher de 80 anos morreu em Itanhaém após ser vítima de uma descarga elétrica causada pela queda de um galho sobre o fio de alta tensão. Em São José dos Campos, uma jovem de 24 anos ficou gravemente ferida quando um tronco desabou sobre o carro onde ela fazia aula de direção. Ela chegou a ser internada, mas morreu no fim da tarde.
Segundo a Polícia Militar, no caso da idosa, o cabo de média tensão rompeu após ser atingido por galhos de uma árvore quebrados pelo vento. Iracy Alves de Oliveira e Silva foi encontrada caída em uma calçada, no bairro Iemanjá. Testemunhas disseram aos PMs que a casa em que ela morava ficou sem energia. Ela saiu para a rua para ver o que causou o apagão e acabou encostando em fios derrubados.
Já no acidente que vitimou a jovem em São José dos Campos, o instrutor da autoescola não ficou ferido, mas foi atendido em estado de choque pelo Corpo de Bombeiros.
O impacto no Rio de Janeiro, que começa um pouco depois de São Paulo, perdurará ao longo do fim de semana. "Os ventos vão acelerar a partir de quinta (ontem) e a ventania pode chegar a 90 km/h nas regiões da Costa Verde, Médio Paraíba, Centro-sul Fluminense e na Região Serrana do estado", disse o Climatempo. Na capital, região dos Lagos e norte fluminense, são previstas rajadas de vento entre 50 e 70 km/h. "Na sexta (hoje), as rajadas de vento mais intensas ficarão concentradas no litoral desde a Costa Verde até o norte do Estado, e podem variar entre 60 e 80 km/h."
No Centro-Oeste, em especial no Estado do Mato Grosso do Sul, depois de dias de calor intenso, a chegada da frente fria provoca chuva, ventos mais fortes e queda na temperatura, mas não deve fazer frio intenso.
"Os ventos ganharão força e o sul do Estado ficará em alerta, com rajadas podendo alcançar os 70km/h. Além disso, há expectativa de pancadas de chuva com forte intensidade no decorrer da noite", afirmou ontem a empresa de meteorologia.
Morador relata granizo 'do tamanho de laranjas'
Um barulho alto acordou no susto a família de Fábio Araújo por volta das 5h30 de ontem. O servidor público de 52 anos pulou da cama e, junto com a esposa e a filha, correu para proteger os móveis. O som veio de pedras de granizo que destruíam as telhas da residência, enquanto a água corria pelas paredes e alagava o chão. "Acabou com o teto, encharcou tudo", disse o morador de Vera Cruz, no Rio Grande do Sul.
A cidade está em situação de emergência. A casa de Araújo é uma dentre as 3 mil que foram danificadas no município, segundo a Defesa Civil local. "É muito dolorido. A gente batalha tanto para as coisas, e em questão de minutos perde tudo", lamenta. O funcionário diz que comprou telhas para tentar substituir a lona que ocupa agora o lugar do teto. Mas o medo persiste.
"Caíam pedras do tamanho de laranjas", relembra Alfeu Flores, de 46 anos. O morador do bairro do Arco-Íris, um dos mais atingidos pelo temporal em Vera Cruz, terá que trocar integralmente o telhado da casa. As telhas foram perfuradas pela chuva de granizo que caiu na quarta. "Quebrou tudo, molhou tudo, o bairro todo está destruído. Foram pancadas enormes, um susto fora do comum", relata.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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