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Cartas de crianças relatando traumas após ações policiais foram anexadas em ação no STF

Os 1190 documentos que compõem a chamada ADPF das Favelas, em julgamento nesta quarta-feira, 5, no Supremo Tribunal Federal (STF), incluem os relatos de dezenas de crianças e adolescentes da Favela da Maré, no Rio de Janeiro, sobre os traumas que vivencia

Weslley Galzo (via Agência Estado)

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Escrito por Weslley Galzo (via Agência Estado)
Publicado em 05.02.2025, 18:10:00 Editado em 05.02.2025, 18:17:38
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Os 1190 documentos que compõem a chamada ADPF das Favelas, em julgamento nesta quarta-feira, 5, no Supremo Tribunal Federal (STF), incluem os relatos de dezenas de crianças e adolescentes da Favela da Maré, no Rio de Janeiro, sobre os traumas que vivenciaram durante as operações policiais.

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A ADPF 635 - Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental - foi ajuizada há cerca de cinco anos e já produziu mudanças nas operações policiais das forças de segurança fluminenses. Decisões ligadas a esse processo resultaram na obrigação de uso de câmeras corporais nas fardas dos PMs e nas viaturas, além do aviso antecipado de operações a promotores e autoridades da Saúde e da Educação.

Na abertura do Legislativo do Rio este ano, o governador Claudio Castro (PL) criticou a "ADPF das Favelas", argumentando que a medida retira do povo o direito à segurança pública.

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Em uma das cartas anexadas ao processo sob relatoria do ministro Edson Fachin, uma criança descreve que "o ruim das operações nas favelas é porque não dá para brincar muito e também ficam morrendo muitos moradores nas comunidades".

Outro jovem disse sentir que "as boas decisões não são tomadas por falta de conhecimento" e convidou as autoridades a visitarem a Favela da Maré. O material com os relatos dos jovens, embora esteja anexado ao processo que trata da letalidade policial no Rio, não foi produzido com o objetivo de ser enviado aos ministros do STF.

Os relatos foram escritos em 2019 por jovens do projeto Uerê em resposta à iniciativa do então governador do Rio, Wilson Witzel, de criar uma cartilha com instruções a moradores de favelas de como deveriam agir durante operações policiais. No mesmo ano, a Defensoria Pública do Rio reuniu 1,5 mil cartas e desenhos e entregou o material aos juízes do Tribunal de Justiça do Rio.

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Esse movimento foi relembrado pelo Instituto Alana ao apresentar uma petição ao STF para ingressar como Amicus Curiae, espécie de assistente de julgamento, no caso da ADPF das Favelas. A ONG argumentou no pedido enviado a Fachin que "a partir das cartas, é ainda mais evidente a gravidade da violência enfrentada pelas crianças em suas casas e comunidades".

Uma das demandas apresentadas pelo PSB, que é o autor da ADPF das Favelas, é que a realização de operações policiais em perímetros nos quais estejam localizados escolas, creches, hospitais ou postos de saúde sejam consideradas excepcionais.

O partido quer que o STF imponha às forças policiais do Rio a obrigatoriedade de justificar ao Ministério Público Estadual os motivos pelos quais eventuais operações no arredores de escolas e creches seriam necessárias. Atualmente, porém, a única ordem de Fachin é para que esses equipamentos públicos não sejam sados como base policial durante as incursões.

No julgamento retomado nesta quarta-feira no STF, os ministros vão decidir se o plano de redução da letalidade policial apresentado por Castro se adequa às exigências da Corte. A votação foi retomada com o voto do relator Edson Fachin.

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