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Ataque em escola de SP: 'Vai acontecer de novo, só não se sabe onde', diz especialista

Casos como o da Thomazia Montoro começaram a aparecer no Brasil nos anos 2000 e se intensificaram recentemente. Telma Vinha, que pesquisa violência nas escolas na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), diz que não há política pública no Brasil para

Renata Cafardo (via Agência Estado)

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Escrito por Renata Cafardo (via Agência Estado)
Publicado em 28.03.2023, 09:00:00 Editado em 28.03.2023, 09:07:23
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Casos como o da Thomazia Montoro começaram a aparecer no Brasil nos anos 2000 e se intensificaram recentemente. Telma Vinha, que pesquisa violência nas escolas na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), diz que não há política pública no Brasil para prevenir ataques. "Vai acontecer de novo, só não se sabe onde."

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Como a senhora analisa a alta nesses casos no Brasil?

Acende um alerta muito grande porque a gente sabe que vai acontecer de novo. Só não sabe onde. Antigamente esses casos aconteciam muito mais devido a bullying, sofrimento, agressão. Isso permanece, mas atualmente são muito mais movidos por uma radicalização da juventude. A gente classifica os ataques em dois tipos: o primeiro são os motivados por vingança, raiva, que é o que aconteceu em São Paulo. Mas todos têm planejamento. É algo que a pessoa volta para mostrar do que é capaz, para se vingar. Existe premeditação, planejamento, que geralmente é aprendido na internet. O outro tipo de ataque tem também sofrimento na escola, mas é cometido por usuários de uma cultura extremista. Tem o objetivo de fazer o maior número de vítimas.

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E é estimulado em plataformas e jogos da internet?

Eles fazem parte de uma articulação de uma espécie de comunidade mórbida. Isso está no Twitter, WhatsApp, Tik Tok, Discord. Eles são cooptados em jogos, por exemplo, e vão para várias plataformas que ensinam ataque. Também entram nas chamadas TCC, que significa true crime community (comunidade de crime real). São subcultura online, com células fascistas. Não é simples de resolver. Não adianta dizer que o pai tem de acompanhar a internet.

E o que é possível fazer?

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Uma das coisas que se vê é o problema de flexibilização das armas, que favorece muito a letalidade. Outra coisa são as plataformas da internet: elas têm de ser responsabilizadas.

Muitos anunciam os ataques na internet...

Exatamente. E quando esses meninos anunciam antes, geralmente é sério. Não pode ignorar. Mas, voltando às recomendações, é preciso fechar essas academias e institutos mirins militares, que oferecem a aula de curso de tiro. Além disso, é preciso fortalecer e ampliar serviços de saúde mental. E também é importante a mídia não divulgar informações sobre o assassino, porque as comunidades mórbidas, cada vez que ocorre isso, comemoram, valorizam.

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E nas escolas, que trabalho precisa ser feito?

A gente sabe que aumentar a vigilância e a segurança na escola não funciona. Em Barreiras, Bahia, aconteceu em uma escola cívico-militar. As escolas precisam melhorar a qualidade da convivência porque, em todos os casos, têm um sofrimento na escola, todos. Não existe saída simples, mas existe um conjunto de ações possíveis de serem feitas.

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Como os professores devem agir?

Os professores são admiráveis, mas não adianta se não tiver uma política, um planejamento, intencionalidade de transformação. Se os primeiros conflitos fossem resolvidos do jeito certo e não ignorados pela escola ou punidos, isso poderia ser diferente.

Do ponto de vista da segurança, o que é indicado?

Aumentar a inteligência da polícia, o monitoramento de redes. Por exemplo, se tem alguém suspeito, você precisa de um canal para denunciar. Hoje você denuncia para a polícia do bairro, eles não têm a menor ideia de como fazer, como investigar esse tipo de coisa na internet.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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