O arroz virou um dos assuntos em alta nas últimas semanas diante das tentativas do governo federal de importar o grão, após as enchentes que devastaram o Rio Grande do Sul. O estado responde por 70% da produção nacional do cereal e já colheu 90% da área plantada nesta safra.
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Por que o Brasil precisa importar arroz?
O Brasil produz menos arroz do que consome, mas supre a demanda interna com importações e estoques de colheitas anteriores. Nesta safra, o país vai produzir 10,3 milhões de toneladas do alimento, enquanto o consumo deve ser de 11 milhões, mostram dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Até abril, o governo estimava que o Brasil importaria 1,4 milhão de toneladas de arroz. Esse montante, somado à produção e aos estoques – e excluindo as exportações –, permitiria acumular um suprimento de 12,4 milhões de toneladas – contando com os efeitos da tragédia no RS – o que já conseguiria atender o consumo interno.
Contudo, desde maio, o governo aumentou a sua projeção de importação para 2,2 milhões de toneladas, colocando na conta o arroz que pretende adquirir via leilão público. Nesse cenário, o Brasil acumularia 13,1 milhões de toneladas no mercado interno.
A justificativa do governo é evitar um aumento excessivo de preços, em consequência de possíveis problemas de oferta e distribuição do arroz.
No auge da tragédia do RS, o bloqueio de estradas e rodovias gerou preocupação sobre a capacidade do estado de conseguir entregar o arroz colhido para o restante do Brasil.
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A água baixou, porém, e a principal rodovia para escoamento do grão, a BR-101, já está normalizada, diz a Federação da Agricultura e Pecuária do Rio Grande do Sul (Farsul).
Quanto de arroz o RS perdeu?
Ainda não se tem uma estimativa oficial sobre esse número. Um relatório da Conab de quinta-feira (13) apontou que as enchentes de maio geraram perdas de 100 mil toneladas na colheita de arroz no estado, um volume pequeno perto das 7 milhões de toneladas que o RS deve produzir.
Já nos armazéns – onde estava guardado o arroz que já tinha sido colhido –, houve uma perda de 24 mil toneladas, o que corresponde a 15% do total armazenado, segundo dados do Instituto Rio grandense do Arroz (Irga).
O que o Ministério da Agricultura e a Conab têm afirmado é que a decisão de comprar 300 mil toneladas de arroz não tem a ver com abastecimento, e sim com a especulação e aumento nos preços do alimento.
Por que o arroz ficou mais caro?
Em um ano, o preço do arroz subiu mais de 20% para o consumidor. Em maio, durante as enchentes no RS, a alta foi de 1,4% em relação a abril, mas algumas regiões tiveram aumentos mais expressivos, como Aracaju (+8%), Porto Alegre (+6%) e Vitória (+5%).
Nos supermercados de SP, por exemplo, o pacote de 5 quilos tem sido vendido, em média, por R$ 30, segundo o Procon. Há um ano atrás, custava R$ 20, valor por qual o governo pretende vender o seu arroz.
A alta desse alimento tão popular está relacionada a diferentes fatores como:
clima ruim e aumento nos custos de produção: o que fez com que alguns produtores abandonassem o plantio de arroz e migrassem para atividades mais rentáveis, como a soja, diz Evandro Oliveira, da consultoria Safras Mercado .
aumento das cotações internacionais: o preço do arroz subiu no mundo porque a Índia, que detém 35% do comércio global, parou de exportar para reduzir seus preços internos, afirma Carlos Cogo, sócio-diretor da Cogo Inteligência em Agronegócio.
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