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APqC: soltura de peixe no Rio Piracicaba sem estudo prévio pode causar desequilíbrio

A introdução intencional de peixes na bacia do Rio Piracicaba, interior de São Paulo, sem que haja um estudo qualificado sobre as espécies utilizadas e suas características genéticas, pode levar ao desequilíbrio da biodiversidade aquática. O alerta é da A

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Publicado em 08.10.2024, 07:35:00 Editado em 08.10.2024, 08:18:10
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A introdução intencional de peixes na bacia do Rio Piracicaba, interior de São Paulo, sem que haja um estudo qualificado sobre as espécies utilizadas e suas características genéticas, pode levar ao desequilíbrio da biodiversidade aquática. O alerta é da Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo (APqC), que representa pesquisadores científicos de 16 institutos públicos de pesquisa, incluindo o Instituto de Pesca.

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"Apesar de ser uma estratégia amplamente utilizada no Brasil e com resultados positivos em algumas regiões, especialmente no Nordeste, a adoção descontrolada e sem o devido monitoramento pode levar a sérias consequências para os ecossistemas aquáticos", disse em comunicado a presidente da APqC, Helena Dutra Lutgens.

Em julho deste ano, resíduos despejados por uma usina sucroenergética no córrego Tijuco Preto, segundo a Companhia Ambiental de São Paulo (Cetesb), provocaram a morte de dezenas de milhares de peixes no Rio Piracicaba, atingindo a comunidade do Tanquã. Um relatório técnico produzido por pesquisadores do Instituto de Pesca mostrou que o desastre ambiental pode ter comprometido a piracema, período de reprodução da maioria das espécies nativas, que na região Neotropical se estende durante o verão, de novembro a fevereiro.

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"Apesar de ser uma medida bem-intencionada, a soltura de peixes necessita de estudos, porque ao liberar peixes geneticamente homogeneizados, oriundos de piscicultura, há a possibilidade de se comprometer as variedades genéticas das populações selvagens, levando à perda de características adaptativas essenciais para a sobrevivência no ambiente natural", acrescentou Lutgens.

Segundo a APqC, no Brasil, a estocagem de peixes, repovoamento ou, como é conhecida, a soltura, começou a ganhar relevância com a introdução de espécies não-nativas em reservatórios nas regiões Sudeste e Sul. Tucunarés e corvina, por exemplo, que são espécies não-nativas na bacia do Alto Rio Paraná, tiveram sucesso em colonizar esses ambientes, assim como a exótica tilápia-do-nilo, originária da África, se tornaram localmente abundantes.

"Estudos indicam que muitos desses programas de estocagem não cumpriram o objetivo de aumentar o rendimento da pesca e, em vez disso, levaram à degradação da biodiversidade, com espécies exóticas que acabam prevalecendo ou predando as nativas", explicou. "A estocagem, que deveria ser uma medida compensatória para danos ambientais, muitas vezes é adotada por pressão política, sem uma avaliação rigorosa de seus impactos", acrescentou.

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Diante desse cenário, os pesquisadores destacam a necessidade de uma abordagem mais cautelosa e mais investimento em pesquisa para que ações como esta sejam feitas com critérios técnicos.

"Para que a estocagem seja uma estratégia eficaz e sustentável, é essencial que ela seja precedida por uma avaliação detalhada da necessidade dessa ação, bem como de sua viabilidade econômica, social e sobretudo ambiental, porque não adianta querer repovoar um ambiente comprometido sem condições adequadas para o desenvolvimento do ciclo vital das espécies de interesse. O monitoramento contínuo dos resultados é imprescindível, assim como o uso de métodos de marcação para distinguir peixes estocados daqueles resultantes de recrutamento natural", afirmou Lutgens com base em publicação científica realizada sobre o tema.

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