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Após pressão pela pandemia, hospitais privados projetam cenário difícil em 2021

Os hospitais do País identificam um movimento claro dos pacientes nos últimos meses. De um lado, aumento nas internações por doenças infecciosas, principalmente, a covid-19. De outro, queda nos tratamentos de cânceres, enfarte, acidente vascular cerebral

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 16.12.2020, 13:22:00 Editado em 16.12.2020, 20:31:00
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Os hospitais do País identificam um movimento claro dos pacientes nos últimos meses. De um lado, aumento nas internações por doenças infecciosas, principalmente, a covid-19. De outro, queda nos tratamentos de cânceres, enfarte, acidente vascular cerebral (AVC), insuficiência cardíaca, dentre outras. Nesse cenário, a taxa de ocupação das unidades hospitalares caiu entre 2019 e 2020, o que comprometeu a saúde financeira. Para o ano que vem, as perspectivas são de um ano difícil, que será definido pela amplitude do programa de vacinação contra a covid-19 e pelo comportamento da população.

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Esse é o balanço de 2020 feito pela Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) em documento divulgado nessa terça-feira, 15. A entidade que reúne 120 dos principais hospitais brasileiros identifica leve recuperação do setor no 3º trimestre, mas os números ainda estão abaixo de 2019. A ocupação de leitos pela covid ocorreu em menor intensidade do que o adiamento dos tratamentos e das cirurgias eletivas.

Os hospitais registraram queda de 5,6% no Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização). De janeiro a outubro de 2019, o índice foi de 13,4%. No mesmo período de 2020, ele chegou a apenas 7.8%. O médico Ary Ribeiro, presidente da Anahp, explica que dois fatores explicam a queda. O primeiro deles é a diminuição das taxas de ocupação dos hospitais, que passaram de 78% em 2019 para 66% neste ano.

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Outro fator é o aumento dos custos para o enfrentamento da pandemia. Em abril, o balanço do setor apontou despesas maiores que as receitas, por exemplo. "A primeira parte do ano, até o primeiro trimestre, foi marcada pela evolução da demanda hospitalar. A partir de meados de março, o ano foi outro, caracterizado pelo impacto da pandemia. Tivemos um impacto financeiro significativo. Os hospitais ainda não se recuperaram", diz o especialista.

No Hospital Albert Sabin de São Paulo, esse impacto foi uma queda de 8% do faturamento, revela a diretora clínica Luciana Pasin Alves. Na unidade, a taxa de ocupação caiu de 87,13% no ano passado para 75,36% neste ano. "Isso acontece em decorrência da queda de ocupação e da diminuição das cirurgias eletivas", diz a especialista. "O paciente de covid tem que ficar em isolamento. Isso implica na redefinição do fluxo de atendimento e dos quartos no hospital. Por isso, a ocupação também cai. Você não consegue ocupar todos os leitos", completa Luciana Pasin Alves.

Pesquisa feita pela própria Anahp com dirigentes do mercado, também divulgada nessa terça-feira, aponta que o cenário atual é de uma recuperação tímida. Para 73% dos entrevistados, embora tenha havido uma retomada nos procedimentos eletivos, o número ainda é inferior ao cenário anterior à pandemia.

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Esse momento de retomada se reflete em outros indicadores, como o mercado de trabalho, por exemplo. Em setembro, o segmento privado impulsionou o crescimento de empregos na saúde, de acordo com o Relatório de Emprego na Cadeia Produtiva da Saúde do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS). O saldo de emprego da cadeia de saúde foi de 6.705 novas vagas. De janeiro a setembro, o saldo é de 87,5 mil postos de trabalho. Isso indica a necessidade constante de contratações no mercado de saúde ao longo da pandemia, mesmo com a queda de casos e internações nos últimos meses.

Para 2021, o cenário ainda é de incerteza. O motivo é o recrudescimento da pandemia. Quando questionados sobre eventual "segunda onda" no País, 95% dos entrevistados responderam que existe essa possibilidade. "O ano de 2021 ainda será difícil. Ainda é incerto fazer uma previsão sobre o que vai acontecer. É preciso avaliar a dinâmica da pandemia, a procura aos atendimentos hospitalares e o impacto da vacinação no comportamento das pessoas", diz Ribeiro.

As taxas de vacinação que o País vai alcançar serão fundamentais no futuro, diz o economista de saúde André Medici. "Se o Brasil conseguir vacinar entre 60% e 70% da população, isso pode trazer uma sensação de volta à normalidade. Mas o cenário ainda não está claro", acrescenta Médice, que também é consultor internacional da Anahp.

Diante das incertezas, a pesquisa revela certo otimismo dos dirigentes: 49% dos entrevistados apostam que as receitas devem se manter estáveis no ano que vem; outros 35% acreditam em crescimento, enquanto 15% preveem nova queda do faturamento.

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