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Após impasse com prefeitura de Praia Grande, refugiados afegãos conseguem se alojar no litoral

Os cerca de 170 refugiados afegãos que estavam alojados no Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, na Grande São Paulo, tiveram dificuldades nesta sexta-feira, 30, para conseguir entrar no prédio da Colônia de Férias do Sindicato dos Químicos, em Praia Grande

Caio Possati (via Agência Estado)

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Escrito por Caio Possati (via Agência Estado)
Publicado em 01.07.2023, 13:29:00 Editado em 01.07.2023, 13:33:57
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Os cerca de 170 refugiados afegãos que estavam alojados no Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, na Grande São Paulo, tiveram dificuldades nesta sexta-feira, 30, para conseguir entrar no prédio da Colônia de Férias do Sindicato dos Químicos, em Praia Grande, litoral do Estado.

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A prefeita da cidade, Raquel Chini (PSDB), fez uma série de exigências ao governo federal para acolher os imigrantes, entre elas o fornecimento de policiais e ajuda com custeio do enfrentamento do surto de sarna humana, que acomete parte dos estrangeiros.

A colônia, escolhida para acolher as famílias imigrantes, foi vetada pela prefeitura da cidade litorânea horas antes da chegada dos afegãos ao local sob a alegação de que a presença dos refugiados colocaria a saúde da vizinhança em risco.

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A interdição aconteceu na noite desta sexta, enquanto os afegãos se deslocavam para Praia Grande. Por esse motivo, a entrada para o alojamento foi liberada só no começo da madrugada deste sábado, 1º de julho, depois que Raquel Chini e ministro Flávio Dino, do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), negociaram.

Por meio de nota, a administração de Praia Grande informou que a prefeita exigiu uma série de condições à Dino para selar o acordo que permite o desembarque de 170 refugiados afegãos na cidade:

"A prefeita deixou claro ainda na reunião com o ministro que a responsabilidade por todo o tempo que os afegãos ficarem na cidade com relação a educação, saúde e assistência social será do governo federal", diz a nota. Ao final, afirma que "a cidade acolhe a todos com carinho e alegria" e "se solidariza com as causas humanitárias e o atual momento do povo afegão".

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Antes do acordo ser selado, o ministro da justiça Flávio Dino também usou as redes sociais para se posicionar. O chefe da pasta afirmou que o MJSP estava cumprindo uma lei ao transferir os afegãos para o alojamento na Praia Grande, conforme combinado, e disse que esperava que "as demais autoridades públicas" apresentassem um "idêntico comportamento", escreveu, sem citar a prefeitura de Praia Grande.

"Lembro que há milhões de brasileiros morando em outros países e sempre desejamos que eles sejam respeitados. Então devemos dar o exemplo na nossa casa", conclui Dino.

Alívio

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O vereador de São Paulo Hélio Rodrigues (PT), que também é presidente do Sindicato dos Químicos, comemorou a entrada dos refugiados no abrigo. "Depois de muita negociação com a prefeitura de Praia Grande, finalmente, nesta noite de 30/06, recebemos os 150 imigrantes afegãos nas dependências da Colônia de Férias do Sindicato dos Químicos", escreveu o parlamentar em suas redes.

"Agradecemos a sensibilidade do poder público municipal, que após a mediação do Ministro da Justiça, Flávio Dino, voltou atrás em sua decisão", completou.

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A deputada federal Janaína Cardoso (PT-SP) também esteve no local para ajudar nas negociações. "As ruas de acesso à colônia foi cercada por viaturas da GCM (Guarda Civil Municipal). Mas comboio dos ônibus escoltado pela PRF (Polícia Rodoviária Federal) chegou ao bairro por volta das 23h30. E após diálogo, os afegãos finalmente serão hospedados de forma provisória durante 30 dias na colônia", disse.

Aline Sobral, presidente do Coletivo Frente Afegã, contou à reportagem que as famílias ficaram "assustadíssimas" quando foram impedidas de entrar no abrigo. "Ninguém entendeu nada. Não tem muitas pessoas (entre os afegãs) que sabem falar inglês. Nenhum de nós (do Coletivo Frente Afegã) teve permissão para viajar com os refugiados", disse.

De acordo com Aline, os imigrantes tiveram apoios de uma assessora da deputada Juliana Cardoso e representantes da Acnur, uma agência das Nações Unidas para refugiados, durante o trajeto.

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Rotina difícil nos aeroportos

Na última quinta, a reportagem do Estadão passou algumas horas no Aeroporto de Guarulhos para acompanhar a rotina dos afegãos têm usado o terminal como moradia. Dependentes da ajuda de voluntários, eles relatam dificuldades para conseguir se higienizar e também se alimentar.

Os refugiados ainda se queixam de mofo e infiltração nas paredes, cheiro ruim nas cobertas e dificuldade de se adaptar. "Por quatro dias, só comi biscoito e água", disse a artista Forouzan Sediqi. A situação se estende há cerca de um ano, após o Brasil conceder visto humanitário aos afegãos por conta da tomada de poder pelo grupo extremista Taleban.

Segundo o Coletivo Frente Afegã, até quinta-feira, 175 refugiados estavam acampados no aeroporto, todos muçulmanos. A GRU Airport, concessionária que administra o aeroporto, informou que tem contribuído no suporte à realização de procedimentos de higiene pessoal e manutenção de limpeza constante do espaço.

A Prefeitura de São Paulo informou ter acolhido 718 afegãos entre janeiro e 20 de junho deste ano, e 714 em todo o ano passado. A gestão das vagas dos abrigos é feita pelo governo do Estado, com suporte de um centro de atendimento instalado em área de mezanino do terminal 2 pela prefeitura de Guarulhos. A gestão municipal também fornece refeições diariamente.

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