O surto do novo coronavírus acendeu um alerta nas escolas estaduais do Paraná quanto à prevenção da doença. Além das tradicionais orientações de higiene, cartazes informativos e rodas de conversa, as instituições de ensino conseguem conscientizar os estudantes por meio do conteúdo abordado nas aulas.
Foi o que fez o professor Eliésio Duarte, que leciona Química no Colégio Estadual Professor Lysímaco Ferreira da Costa, em Curitiba. Ele lançou mão de noções de química orgânica para, ao mesmo tempo, dar uma aula prática para os alunos e alertá-los sobre a necessidade de prevenção ao contágio da doença.
No laboratório da escola, estudantes do primeiro ano do Ensino Médio fabricaram, sob orientação do professor, álcool gel, que será disponibilizado nas salas e corredores da escola, como complementação aos dispensers com produto que a instituição já possui.
Durante a atividade, os alunos puderam aprender sobre a composição química do álcool gel, verificar como ocorre uma reação exotérmica, que libera calor, e esclarecer dúvidas sobre como a substância age na higienização das mãos. O professor deixou claro que o produto deve ser feito apenas em laboratório e que os estudantes não devem tentar replicar a “receita” em casa.
“Primeiro, os alunos tiveram uma aula teórica, quando foi abordada a correta higienização das mãos. No laboratório, eles produziram o álcool gel. O objetivo principal é conscientizar os estudantes sobre a assepsia promovida por esse produto. O álcool gel a 70% elimina as bactérias, vírus e fungos”, explica. O valor gasto na experiência foi de, aproximadamente, R$ 2,30. No mercado, um frasco similar não custaria menos que R$ 8.
ATIVIDADE DIFERENTE - Para os estudantes, além de aprender mais sobre a prevenção à Covid-19, declarada como uma pandemia pela Organização das Nações Unidas (ONU), a atividade em laboratório foi uma oportunidade de ter uma aula diferente.
“Foi bastante interessante. O professor explicou o passo a passo e com nossos colegas pudemos fazer a experiência. Deu para conhecer um pouco mais sobre o mundo da química, que tanto falamos mas que, na prática, pouco conhecemos”, afirma a estudante Mel Lima, 15 anos.
Colega de Mel, Rafaela Rute, 15 anos, também destaca a importância das orientações de higiene repassadas aos alunos pela equipe da escola. “A maioria das pessoas não se importa de compartilhar a garrafa d'água com os amigos, não se lembra de higienizar as mãos depois de cumprimentar os outros, se esquece de lavar as mãos antes de comer. É muito legal essa iniciativa dos professores”, opina.
ENVOLVIMENTO - O diretor do Lysímaco, Alexandre Vasconcelos, conta que os estudantes da instituição estão bastante engajados não apenas em relação ao coronavírus, mas também em outras campanhas ligadas à saúde.
“As ações resultam de uma parceria entre a Associação de Pais, Mestres e Funcionários, Conselho Escolar, Grêmio Estudantil, equipe diretiva e equipe docente, mas não são só sobre o coronavírus. A gente faz também campanhas de prevenção à dengue e para que os alunos não alimentem os pombos no pátio da escola”, conta. “O álcool gel produzido pelos alunos será colocado em todas as salas e também nos banheiros. Nós já temos isso, mas vamos aumentar a quantidade”.
Especificamente sobre a nova doença, Vasconcelos diz que a temática vem sendo trabalhada em sala por professores de diversas disciplinas. A Secretaria de Estado da Educação e do Esporte encaminhou às 2,1 mil escolas do Paraná orientações sobre a prevenção ao contágio do coronavírus, respaldadas pela Secretaria de Estado da Saúde, e também sugestões de encaminhamentos metodológicos para abordar temáticas relacionadas ao coronavírus durante as aulas.
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