Um estudo feito por pesquisadores da Universidade Estadual de Londrina (UEL) mostrou que o Bisfenol A (BPA) pode ser o responsável pelo crescente número de indivíduos do sexo masculino, em idade reprodutiva, com problemas de infertilidade.
A substância é utilizada na fabricação de policarbonato, um tipo de resina usada na produção da maioria dos plásticos.
Diante dos diversos riscos que esta substância pode causar à saúde, como câncer e problemas cardíacos, o BPA já foi banido de países desenvolvidos como os Estados Unidos, por exemplo. No Brasil, uma lei de 2011 proíbe apenas o uso na fabricação de produtos para bebês, como mamadeiras e outros utensílios para lactentes.
Financiada pela Fundação Araucária, a pesquisa coordenada pela professora Glaura Scantamburlo Alves Fernandes, do Centro de Ciências Biológicas da UEL, alerta que mesmo em doses baixas o BPA pode alterar o desenvolvimento do testículo e do epidídimo de adolescentes. “O Bisfenol A pode levar a alterações reprodutivas no ser humano. Quando este indivíduo entrar na fase de reprodução ele pode ter um déficit de fertilidade”, diz Glaura .
A pesquisadora Fernanda Mithie Ogo, que estudou o tema em seu projeto de mestrado pelo Programa de Pós-Graduação em Patologia Experimental, destaca que foram usados roedores como modelo experimental e que estes animais são mais resistentes do que o homem a este tipo de substância. “Se o agente pode causar alterações nestes animais o homem, como é mais sensível, certamente terá mais prejuízos em relação ao animal. Também não podemos descartar o fato de que a exposição ao BPA por um tempo maior pode trazer consequências mais severas como o câncer,” explica.
A principal orientação para a população é que só sejam adquiridos produtos plásticos com a informação “Livre de BPA”. Para quem usa utensílios plásticos com Bisfenol A a recomendação é não aquecê-lo. “A alta temperatura faz com que pequenas quantidades destes elementos sejam liberados no produto ou alimento, que fazem com que este tóxico seja consumido diretamente,” afirma a professora Glaura Scantamburlo.
Ela ressaltou ainda que muitas pessoas insistem em utilizar tigelas e outros recipientes de plástico para armazenar alimentos por serem mais baratos do que os de vidro, por exemplo. Ignorando o risco que uma simples marmita de plástico, aquecida diariamente no trabalho, pode causar à saúde desta pessoa.
A representante da Câmara e do Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional do Paraná e assessora da diretoria da Fundação Araucária, Priscila Tsupal, reitera que as garrafas de plástico de água mineral, filme plástico e copos descartáveis para cafezinho, por exemplo, também podem conter BPA. “A lista é bem grande e é preciso estar atento às informações do rótulo. É importante observar se os números 3 ou 7 estão expostos no símbolo da reciclagem. Se estiverem, não utilize e nunca esquente alimentos no plástico,” reforça Priscila que também é professora do Departamento de Nutrição da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro).
“O alerta feito por meio do projeto da UEL ´Desenvolvimento testicular pós-natal de ratos expostos ao Bisfenol A durante o período peripuberal´ à sociedade, é mais um exemplo da importância e necessidade do investimento na pesquisa científica pelo Governo do Estado por meio da Araucária”, disse o diretor de Ciência, Tecnologia e Inovação da Fundação Araucária, Luiz Márcio Spinosa.
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