Um estudo inédito está sendo feito por peritos criminais da Força Nacional de Segurança e do Instituto de Criminalística do Paraná, destacados para atuarem no Projeto Em Frente Brasil, em São José dois Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba.
Trata-se do confronto de armas apreendidas e munições tiradas de corpos ou recolhidas em apreensão, entre elas ou com outras armas, a fim de catalogar, planilhar e ter um banco de informações para elucidação de crimes na área. O exame pericial de confronto balístico é ferramenta fundamental para elucidação dos crimes e objetiva analisar as armas de fogo apreendidas no município do Projeto durante o programa de enfrentamento à criminalidade violenta. Das cinco cidades do projeto nacional, São José dois Pinhais é a única que está fazendo este mapeamento das armas, projéteis, vítimas e crimes.
Do início do Projeto em Frente Brasil até o dia 21 de novembro de 2019 foram submetidas a exames cinco armas de fogo (quatro revólveres e uma pistola) e 16 projéteis (de calibres .38, .380, .32 e 9mm) encontrados nos corpos de sete vítimas de crimes ocorridos na cidade. Além disso, neste mesmo período 396 cartuchos apreendidos pelas forças policiais também foram catalogadas para exames periciais.
Os trabalhos estão sendo conduzidos pela perita criminal da Força Nacional, Marcia Gomes, e a do Instituto de Criminalística do Paraná, Jandira Bolda, ambas do Projeto. A idealização do estudo é do delegado do município de São José dos Pinhais, Michel Teixeira de Carvalho, e as ações estão sendo implementadas pelo Setor de Balística Forense do Instituto de Criminalística do Estado do Paraná.
Segundo a perita da Força Nacional, Marcia Gomes, um dos objetivos dos exames é determinar se há relação entre os crimes ocorridos no município, o que dá relevante apoio aos trabalhos de investigação efetuado pelas polícias judiciárias envolvidas no combate à criminalidade na área do Projeto. Para ela, este tipo de pesquisa é muito importante e contribui em diversos aspectos, sendo um deles a elucidação do crime, que é concluída pela Polícia Judiciária. “Quando fazemos esse tipo de pesquisa, faz uma filtragem da criminalidade também, ou seja, quando a gente se junta, todas as forças seguem em um mesmo objetivo, e um estudo é feito. Podemos até evitar que outros crimes aconteçam. Quando uma arma é apreendida e há uma relação de crimes fica mais fácil de se chegar aos culpados”, diz Marcia.
Para este estudo, todas as armas apreendidas pelas forças de segurança pública são catalogadas, organizadas e submetidas a exames de Prestabilidade e Eficiência e de Confronto Balístico a fim de verificar o potencial ofensivo delas entre outras peculiaridades. “Os exames em armas e munições e de confrontos balísticos realizados são sempre importantes, pois vão direcionar a investigação, independente de resultados conclusivos”, explica a perita do Paraná, Jandira Bolda. “Nosso objetivo maior é a integração e, com os exames, buscamos a relação entre os fatos para ajudar na elucidação dos crimes, isso tudo de forma conjunta, integrada”, afirma Jandira.
Ela conta ainda que nestes exames é possível saber a eficiência e o potencial das armas de fogo e das munições tiradas dos corpos das vítimas, e até das encontradas em locais de crime. “Identifica a eficiência, a procedência, o potencial lesivo, calibres, números de séries, pois muitas vezes são armas roubadas ou contrabandeadas. É possível também classificar as munições quanto a sua origem, seu perfil e o potencial lesivo delas”, diz.
Ainda segundo ela, os projéteis recolhidos na vítima e no local são confrontados com as armas e, se não houver arma apreendida, é verificada a possibilidade de envolvimento de outras armas.
O delegado-titular de São José dos Pinhais, Michel Teixeira de Carvalho, também reiterou que foram catalogados todos os projéteis dos mortos recentes, bem como todas as armas de fogo apreendidas nos variados crimes. Assim, gradativamente, serão procedidos os confrontos balísticos, pois uma arma de fogo pode estar envolvida em um ou diversos crimes. “As vezes uma arma que matou uma pessoa é apreendida em qualquer outro crime, por exemplo, um roubo, assim vamos formando uma teia e podemos até descobrir que uma pessoa está envolvida em mais de um crime”, exemplifica.
Para o delegado, o objetivo maior é ter um controle e uma visão organizada sobre todas as mortes, todos os projéteis que mataram as pessoas, os calibres na área de abrangência do Projeto Em Frente Brasil. “Precisamos ter o controle de todas as armas que são apreendidas na cidade, pois elas, às vezes, têm relação com os homicídios, mas são apreendidas em situações diversas, por exemplo, um crime de morte pode estar sendo investigado, mas a arma é apreendida num crime de roubo, ou seja, após o homicídio o autor pode ter feito um roubo ou ter repassado a arma, e outro usado ela para o roubo”, acrescenta o delegado.
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