A Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) lançou o protótipo de um veículo aéreo não tripulado (Vant) para pulverização agrícola, com maiores autonomia de voo e eficiência de aplicação de agroquímicos nas propriedades rurais. A demonstração do equipamento, popularmente conhecido como drone, ocorreu nesta semana, no período de 3 a 7 de fevereiro, no 32º Show Rural, um dos principais eventos do segmento de agronegócios, realizado anualmente em Cascavel, na região oeste paranaense.
Desenvolvido no Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT), o projeto é resultado de uma parceria entre a Unioeste e a Avondale, uma montadora de drones, sediada no município de Braganey. A empresa buscou a instituição de ensino superior (IES) para desenvolver melhorias nos sensores do equipamento, visando à utilização em áreas de alta declividade. Atualmente, esse drone é comercializado para áreas de baixa declividade, custando cerca de US$ 18 mil (pouco mais de R$ 77,6 mil).
Para o professor Antônio Marcos Massao Hachisuca, do Centro de Engenharias e Ciências Exatas (Cece) do Campus de Foz do Iguaçu, esse tipo de parceria é importante para ampliar e fortalecer as relações empresariais e comunitárias da Universidade, atendendo demandas do mercado. “É uma oportunidade para os acadêmicos desenvolverem pesquisas aplicadas em suas áreas de conhecimento, gerando trabalhos de conclusão de curso, projetos de iniciação científica e tecnológica e, futuramente, suas próprias startups", completa.
MERCADO - Thomas Oehninger Ramos, bolsista de apoio técnico a pesquisa e inovação tecnológica, pela Fundação Araucária de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico, afirma que cada vez mais as aeronaves remotamente pilotadas (RPA, na sigla em inglês para Remotely Piloted Aircraft) ganham mercado no Agronegócio brasileiro. Segundo ele, que atua como consultor de Inovação e Transferência de Tecnologia no NIT da Unioeste, muitas operações agrícolas, em todo o Brasil, já vêm sendo realizadas com o auxílio desses equipamentos.
Dentre as melhorias que serão implementadas nos sensores do drone, Thomas destaca o controle na dose do produto pulverizado, que vai proporcionar economia de tempo e de recursos para os produtores rurais. “A eficiência na aplicação, vai garantir melhor distribuição dos defensivos agrícolas nas plantações, devido ao vórtex gerado pela hélice do equipamento”, destaca o bolsista, que é mestre em Agroecologia e Agricultura Sustentável, pela Universidade Estadual de Maringá (UEM).
SEM PERDAS - Ele explica que no uso de trator para a aplicação de agroquímicos nas plantações, como agrotóxicos, pesticidas, praguicidas, inseticidas, fungicidas e fertilizantes, há perda de 2% a 4% do produto, dependendo do maquinário usado, além do amassamento da lavoura e do risco de contaminação do agricultor. “Com a aplicação por drone essa perda cai para zero”, assegura Thomas, ressaltando que o “drone evita o amassamento da cultura e também permite a pulverização com o tempo instável ou mesmo depois de um dia de chuva, o que seria impossível com um trator”.
O bolsista ressalta que o projeto desenvolvido na Unioeste pode impactar em outras tecnologias de diferentes aplicações, a exemplo da inteligência artificial (AI), considerada tendência no segmento de Agronegócios. “As informações capturadas pelo drone podem gerar algoritmos para auxiliar a tomada de decisão do agricultor ou tomar pequenas decisões pelo próprio produtor”, enfatiza Thomas, frisando que, “em média, por ciclo de produção, um produtor rural toma cerca de duas mil decisões”.
O projeto do drone para pulverização agrícola envolve professores e estudantes de graduação e pós-graduação dos departamentos de Engenharia Agrícola da Unioeste, dos campus de Cascavel e de Foz do Iguaçu. “O desafio agora é divulgar essa tecnologia e capacitar os agricultores para utilizarem o equipamento, principalmente pequenos e médios produtores”, conclui Thomas.
NIT UNIOESTE – Vinculado à Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PRPPG) da Unioeste, o Núcleo de Inovações Tecnológicas (NIT) atua como catalisador do desenvolvimento tecnológico e industrial, no extremo Oeste do Estado. As atividades do NIT se baseiam na transferência de tecnologia entre Universidade e organizações empresariais, promovendo cooperação técnica e científica, a partir de pesquisas e desenvolvimento de novas tecnologias, softwares e sistemas de informações.
Os projetos são desenvolvidos por pesquisadores, professores e estudantes de graduação e pós-graduação, oportunizando uma interação entre centros, departamentos e colegiados dos diversos cursos da Unioeste e abrangendo linhas de pesquisas, grupos de pesquisadores (GP) e núcleos de pesquisas (NP), conforme áreas prioritárias estabelecidas pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
ESTANDE – A Unioeste instalou estande no Show Rural 2020, em parceria com a Fundação para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Fundetec). No local, professores, estudantes e pesquisadores demonstraram projetos inovadores, resultados de pesquisas científicas e tecnológicas, desenvolvidas na IES, especificamente para os produtores rurais.
No estande da Unioeste, os visitantes tiveram oportunidade de conhecer um eletroposto (estação de carregamento de veículos elétricos) de carga semirrápida, diferente dos pontos de carga disponíveis no mercado convencional. Esse projeto foi desenvolvido por estudantes de graduação, do Curso de Engenharia Agrícola, do Campus de Cascavel, e serviu, inclusive, para carregar o protótipo do drone para a pulverização agrícola, durante todo o evento. A equipe do NIT também apresentou um aparelho que simula o voo de um vant, para fazer levantamento topográfico de propriedades rurais.
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