A Polícia Civil de Minas Gerais informou hoje (13) que identificou um terceiro lote da cerveja pilsen Belorizontina, da marca Backer, contaminado pela mesma substância tóxica já encontrada em outros dois lotes da bebida, apontada como principal suspeita de ter causado a intoxicação de ao menos dez consumidores desde o dia 30 de dezembro. Dentre estes, um morreu, no dia 7 de janeiro, em Juiz de Fora (MG).
Vestígios de dietilenoglicol teriam sido encontrados no lote L2 1354, no qual peritos também identificaram vestígios de uma segunda substância, o monoetilenoglicol. Utilizado em sistemas de refrigeração devido a suas propriedades anticongelantes, o dietilenoglicol já tinha sido identificado nos lotes L1 1348 e L2 1348.
Segundo o delegado Flávio Grossi, responsável pelo inquérito policial, embora trate-se da mesma Belorizontina, o terceiro lote contaminado foi distribuído para o Espírito Santo, onde a cerveja é comercializada com o rótulo Capixaba.
Ainda de acordo com o delegado, entre os documentos que investigadores recolheram na fábrica da Backer há notas fiscais da compra de monoetilenoglicol. Além disso, os laudos definitivos das perícias que o Instituto de Criminalística realizou nas amostras dos produtos coletados nas garrafas de cerveja encontradas nas residências das vítimas apontam a presença de dietilenoglicol e de monoetilenoglicol nos três lotes citados.
Também foram encontrados vestígios das duas substâncias tóxicas nos equipamentos de resfriamento usados na produção da cerveja. “Foi coletada uma amostra no tanque de chiller, um equipamento de refrigeração, e a perícia prévia desta amostra evidenciou a positividade tanto do monoetilenoglicol, quanto do dietilenoglicol”, comentou o superintendente de Polícia Técnico-Científica da Polícia Civil, Thales Bittencourt, revelando que, nos próximos dias, policiais e técnicos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento devem voltar a inspecionar a fábrica da Backer, no bairro Olhos D'Água, em Belo Horizonte.
“Porque havia estas substâncias no tanque de refrigeração nós não podemos ainda manifestar e vamos continuar investigando”, acrescentou o superintendente.
Desde o surgimento das suspeitas de que a ingestão de cervejas da marca pode ter provocado a síndrome nefroneural que já matou uma pessoa e levou outras dez a serem internadas, a empresa tem afirmado não utilizar o monoetilenoglicol em nenhuma das fases de produção. Na última sexta-feira (10), o ministério decretou a interdição preventiva da fábrica e a apreensão cautelar de 16 mil litros de cervejas.
De acordo com o delegado Flávio Grossi, os investigadores continuam recolhendo informações técnicas para subsidiar o inquérito e não descarta nenhuma hipótese – nem mesmo a suspeita de que um ex-funcionário demitido pela Backer possa ter agido por vingança.
“A linha investigativa continua ampla, mas não há, até o momento, culpabilidade a ser imputada a ninguém. Hoje, o que afirmamos é que os elementos tóxicos encontrados nas garrafas [de cerveja], no sangue das vítimas e dentro das empresas [provém] de produtos em comum”, disse o delegado. “Mas crime acreditamos que houve. Por isto instauramos um inquérito policial.”
Hoje, em nota, a empresa disse que, neste momento, mantém o foco nos pacientes e em seus familiares. O texto informa ainda que a Backer prestará o suporte necessário, mesmo antes de qualquer conclusão sobre o episódio. A cervejaria informa que continua colaborando com as investigações. "A empresa segue apurando internamente o que poderia ter ocorrido com os lotes de cerveja apontados pela Polícia. A Backer adianta que, na semana passada, solicitou uma perícia independente e aguarda os resultados. Reitera que, em seu processo produtivo, utiliza, exclusivamente, o agente monoetilenoglicol", finaliza.
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