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Como evitar tragédias causadas por deslizamentos e chuvas fortes

Prestes a completar um ano em 25 de janeiro de 2020, o rompimento da barragem de Brumadinho causou ao todo 300 mortes (incluindo desaparecidos). A 60 quilômetros de Belo Horizonte, o rompimento e deslizamento da barragem do córrego do Feijão, da minerador

Da Redação

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Foto: Agência Brasil / Divulgação
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Escrito por Da Redação
Publicado em 03.01.2020, 11:04:00 Editado em 03.01.2020, 11:37:32
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Prestes a completar um ano em 25 de janeiro de 2020, o rompimento da barragem de Brumadinho causou ao todo 300 mortes (incluindo desaparecidos). A 60 quilômetros de Belo Horizonte, o rompimento e deslizamento da barragem do córrego do Feijão, da mineradora Vale, causou um dos maiores desastres ambientais do país com um mar de lama de 12 milhões de metros cúbicos de dejetos.

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Entre as causas do rompimento da barragem de Brumadinho, especialistas indicaram deformações na sua estrutura. Além disso, foi apontada também uma redução de resistência em certas áreas por conta da infiltração das chuvas fortes que atingiram a região nos dias anteriores à tragédia, reforçando o papel da natureza nesses casos - como os deslizamentos ocasionados por fortes chuvas ocorridos no Vale do Itajaí em 2008, e no Rio de Janeiro, em 2011, entre outros eventos do gênero.

Com a chegada da estação mais quente do ano, aumentam os riscos das famosas “chuvas de verão” - que podem se intensificar, causando deslizamentos. Segundo o IBGE, 8,2 milhões de pessoas vivem sob o risco de enchentes ou deslizamentos no Brasil. Tragédias como as de Brumadinho e Mariana, entre outras, mostram como a combinação de chuvas fortes e deslizamentos infelizmente podem ser fatais no país, e pesquisadores afirmam que a situação geográfica do território brasileiro segue preocupante.

Deslizamentos e chuvas fortes ressaltam a importância do problema  

Em 2008, o Vale do Itajaí foi atingido por deslizamentos causados por fortes chuvas. Mais de 80 deslizamentos deixaram Blumenau, Gaspar, Pomerode e Timbó sem abastecimento por causa do rompimento da tubulação de gás na região. Além da

morte de 135 pessoas, 5.617 ficaram desabrigadas, 27.236 ficaram desalojadas e seis desapareceram nas fortes chuvas da região. Ao todo, 14 municípios decretaram estado de calamidade pública e 63 cidades do Vale do Itajaí decretaram emergência.
 
Na região serrana do Rio de Janeiro, uma tragédia climática parecida ocorreu em 2011: 4 cidades foram atingidas por deslizamentos causados por chuvas fortes e enchentes, como Nova Friburgo, Teresópolis, Sumidouro e Petrópolis, com 900 mortos. Além disso, mais de 300 mil moradores da região foram afetados e a tragédia causou perdas econômicas da ordem de R$ 4,8 bilhões.

Também no Recife, nove pessoas morreram na madrugada de 24 de julho de 2019 devido ao deslizamento de barreiras e queda de árvores ocasionados por fortes chuvas. Após o ocorrido, a Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac) emitiu um alerta para a possibilidade de continuidade de chuvas moderadas a fortes no Recife. Medidas como essa podem ajudar a evitar novas tragédias causadas pelas chuvas.

Como evitar tragédias causadas por deslizamentos e chuvas fortes

Para evitar novos desastres climáticos, a solução é usar a tecnologia para modernizar sistemas de controle e monitoramento de riscos geotécnicos avançados e usar equipamentos de gestão da integridade das barragens como satélites radares, acelerômetros e inclinômetros.

O monitoramento em tempo real pode ajudar a prevenir desastres naturais, com sensores que acompanham o deslocamento linear da movimentação do solo, seja em barragens ou morros. Caso Mariana tivesse esses sensores, os funcionários da companhia poderiam ter notado sinais de que algo anormal estava acontecendo na barragem e, consequentemente, teriam emitido sinais de alerta para a população.

Além disso, sensores que captam a umidade do solo poderiam ter mostrado com antecedência sinais de rompimento. Quando esses aparelhos notam que a drenagem não está funcionando corretamente, emitem alertas para que a região seja evacuada, o que pode salvar vidas. Outra medida fundamental é manter um rastreamento de moradores sujeitos a enchentes e deslizamentos. Identificando a população em zonas de risco, é possível se antecipar aos eventos e transferir moradores antes que o pior aconteça.
 
Para cada barragem, morro ou local de risco, é necessário que exista um plano de ação emergencial. Com o cadastramento de todas as pessoas em áreas de risco, discutindo e treinando a população sobre como reagir a um rompimento, aumentam as chances de sobrevivência. Além da tecnologia, a prevenção também é efetiva para que casos como o do Vale do Itajaí sejam evitados, preservando vidas.
 
Compromisso do governo é essencial para evitar novas tragédias

O estudo “População em Área de Risco no Brasil” aponta Salvador como a cidade com maior concentração de pessoas nessas condições (1,2 milhão, ou seja, 45% da sua população), trazendo São Paulo, com 674,3 mil moradores e o Rio de Janeiro, com 444,9 mil, ocupando a segunda e terceira colocações no ranking, seguidos por Belo Horizonte e Recife. A análise faz parte de um acordo de cooperação técnica assinado em 2013 entre o IBGE e Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (CEMADEN), em um esforço multisetorial para evitar tragédias.

O compromisso das administrações públicas na expansão urbana de suas cidades também faz parte da solução para evitar esses problemas. Com Programas Habitacionais, a população mais pobre poderia se instalar em moradias mais seguras e dignas, longe de áreas de risco. Além disso, ao invés de tratar o problema como uma área da Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros, é imprescindível que o planejamento urbano seja um elemento próprio das Políticas Habitacionais do governo - assim, a administração pública passará a tratar a questão com antecedência, ao invés de somente culpar as chuvas pelas tragédias.

Para o próximo ano, o governo federal pretende criar um sistema de alerta via TV digital (sinal aberto) para repassar informações imediatas à população sobre riscos como deslizamento de terra, enchentes e rompimento de barragem. "O sistema terá o intuito de evitar maiores consequências da catástrofe. Os objetivos são velocidade e complementariedade aos alarmes existentes, para que a população receba as informações o mais rápido possível”, disse André Fonseca, coordenador geral de televisão digital do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC)

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