Pesquisadores da Universidade Estadual de Maringá (UEM) estão desenvolvendo teste rápido e específico para diferenciar os quatro subtipos de vírus causadores da dengue. Coordenado pela professora Érika Seki Kioshima Cotica, o estudo está sendo desenvolvido no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Biociências e Fisiopatologia (PBF), e recebeu aporte financeiro da ordem de R$ 250 mil da Fundação Araucária de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Estado do Paraná.
O diagnóstico precoce e seguro da doença pode impactar, antes de tudo, na agilidade do tratamento, diminuindo as chances de complicação da doença. “Cada vírus possui um nível de agressividade, podendo evoluir para formas mais graves, como é o caso da dengue hemorrágica”, explica a coordenadora do projeto, destacando os resultados promissores da pesquisa.
Segundo a professora Érika, o impacto também se dá nas ações de prevenção e controle epidemiológico da dengue. Ela ressalta que já foram feitos estudos de bioinformática do genoma dos vírus e a criação e produção da quimera, proteína idealizada a partir de sequências específicas de três proteínas do vírus da dengue. “Empreendemos dois anos de trabalho até chegarmos nesse protótipo, que se mostrou capaz de identificar as especificidades de cada uma das famílias de vírus”, salienta.
RESULTADOS PROMISSORES – Os arbovírus, que são vírus transmitidos por mosquitos, também são causadores da chikungunya e zika. Para avaliar se o paciente foi ou está infectado geralmente são feitos testes sorológicos, que são úteis para a detecção de anticorpos formados contra o vírus – Imunoglobulina M (IgM) e Imunoglobulina G (IgG).
Conforme a professora Érika, o problema é que esse grupo de vírus apresenta muitas semelhanças na estrutura do ácido desoxirribonucleico, o DNA, e das proteínas, dificultando o diagnóstico sorológico, já que os anticorpos produzidos por pacientes infectados por dengue podem reconhecer proteínas de outros vírus dessa família. “Os resultados podem ser duvidosos, impedindo a diferenciação de qual arbovirose está infectando o paciente”, alerta a coordenadora do projeto.
Os resultados obtidos em escala laboratorial apontam que é possível produzir quantidades razoáveis da quimera para os testes sequenciais. “O grande desafio é eliminar as reações cruzadas no sorodiagnóstico do zika vírus”, acrescenta a professora.
DESDOBRAMENTOS - O diagnóstico para a dengue é somente uma parte do projeto, que tem perspectiva de pelo menos mais dois anos de trabalho. A próxima etapa consiste no diagnóstico diferenciado para a chikungunya.
O projeto contempla dois trabalhos de iniciação científica (IC), dois de mestrado e um de doutorado, e conta, ainda, com a participação do professor Flávio Augusto Vicente Seixas, do Departamento de Bioquímica da UEM, que coordenou os estudos in silico da sequência proteica.
Além disso, outro estudo, objeto de uma dissertação de mestrado já concluída, está relacionado com a produção da proteína recombinante para o diagnóstico da zika.
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