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Uso sustentável do bambu é discutido em audiência pública na Assembleia Legislativa

O uso comercial do bambu como alimento, matéria para a construção civil e biocombustíveis foi discutida em uma audiência pública na manhã desta terça-feira (19), no Plenarinho da Assembleia Legislativa do Paraná, por iniciativa do deputado Goura (PDT). “Q

Da Redação

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Uso sustentável do bambu é discutido em audiência pública na Assembleia Legislativa
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Escrito por Da Redação
Publicado em 19.11.2019, 15:41:00 Editado em 19.11.2019, 15:46:24
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O uso comercial do bambu como alimento, matéria para a construção civil e biocombustíveis foi discutida em uma audiência pública na manhã desta terça-feira (19), no Plenarinho da Assembleia Legislativa do Paraná, por iniciativa do deputado Goura (PDT). “Queremos que o Paraná tenha uma política pública de estimulo aos produtores e à comercialização”, explicou o parlamentar, que convidou pesquisadores de universidades, técnicos agrônomos e produtores que exploram a potencialidade da planta no estado.

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“Proponho a criação de um grupo de trabalho, com a participação do Governo do Estado, das universidades e da sociedade para a elaboração de um projeto de lei específico sobre o tema”, afirmou Goura, destacando a experiência apresentada por engenheiros da Emater e do Centro Paranaense de Referência em Agroecologia (CPRA) durante o evento. “A ex-governadora e ex-deputada Cida Borghetti foi autora de um projeto de lei que foi vetado pelo Poder Executivo”, exemplificou sobre a necessidade de uma legislação sobre o tema.

Da mesma forma se posicionou o professor da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Eloy Casagrande, sobre a regulamentação de uma lei federal sobre o bambu. “Já tivemos uma lei nacional de política de incentivo ao bambu, sancionada pelo governo Dilma Rousseff, em 2011, mas ela não foi regulamentada. O maior problema ainda é o cultivo do bambu, uma atividade extrativista. Para as propriedades rurais iniciarem a produção é preciso observar normas técnicas, assistência técnica e a qualidade do produto, além de saber quem vai financiar o cultivo”, listou.

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Para a engenheira agrônoma da Emater, Laís Adamuchio, a discussão sobre a cultura do cultivo e industrialização da planta é fundamental para incentivar as cadeias produtivas. “Precisamos do desenvolvimento de pesquisas em relação à utilização, desde o cultivo, as formas de beneficiamento em novos produtos, mas principalmente da abertura de novos mercados. O fomento desta atividade junto às indústrias e ao consumidor, para que ele se conscientize da sustentabilidade da espécie que serve a mais de quatro mil usos comerciais. O Paraná ainda explora muito pouco este potencial que pode trazer muita renda, especialmente para os pequenos produtores”, frisou.

Laís explicou que o manejo do bambu não exige quantidade de pessoas em sua mão de obra e começa a dar retorno a partir de seis anos, quando já é possível retirar seus insumos anualmente e com estabilidade. “O produtor pode explorar este produto para diversos fins, na sua própria propriedade, como carvão, estruturas de armazéns e cercas, para economizar em insumos externos. É uma espécie de fácil cultivo e adubação. Desde que haja organização da cadeia produtiva, é possível atender até mesmo o mercado de celulose, com o cultivo em grandes áreas”.

Desafios - O produtor Fábio Resmusz, arquiteto que mantém uma propriedade de 400 mil metros quadrados no município de Campina Grande do Sul, começou em 2002 a trabalhar com as potencialidades do bambu para uso na construção civil, especificamente a bioconstrução. “São anos de desenvolvimento e parceria para desenvolver maquinário e tecnologia para explorar esta matéria prima que é utilizada há milhares de anos em países como a China e o Egito. Não é preciso plantar todo ano, só se faz o manejo das plantas, por isso o cultivo é simples. É um material leve com resistência do aço”, afirmou.

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Fábio cultiva três variedades de bambu para a confecção de diversos materiais, cada um com suas especificidades, como móveis, talheres, quadros de bicicleta e estruturas de casas. “Hoje fazemos cortes anuais, no inverno, e no resto do ano fazemos tratamento e beneficiamento do que é extraído. Pesquisamos novas tecnologias para tentar melhorar a aplicação da matéria prima, o que vale comercialmente ou não. Uma legislação é fundamental, mesmo os técnicos agrícolas municipais, estaduais e federais não têm conhecimento suficiente para a assistência e é muito difícil obter financiamento de um banco”, contou.

Segundo Júlio Bittencourt, engenheiro agrônomo da Emater, especialista em agroecologia, a produção no Paraná é fomentada dentro do órgão vinculado à Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (SEAB) com unidades demonstrativas de potenciais para cada região paranaense. “Estamos nas cinco macrorregiões do estado para estimular o agricultor a enxergar este potencial econômico, não apenas para o uso nas propriedades, mas para a produção em larga escala pela indústria de papel e na indústria de alimentos, com o broto de bambu, que é mais nutritivo que o palmito”, destacou.

“Uma política publica é essencial para o salto da cultura sobre a planta, ela ainda depende dos recursos dos produtores, sem incentivo público para que seja dinamizada”, explicou Júlio Bittencourt, apesar de salientar que a Emater mantém o apoio à produção em seus escritórios regionais. “O técnico das localidades que recebe a demanda dos agricultores recorre aos especialistas do órgão para receber informações sobre o cultivo e manejo”. Júlio comentou ainda que estados como o Maranhão e Alagoas fornecem insumos para a indústria de papel do tipo Craft, derivados de plantações extensivas.

Participaram da audiência ainda: o deputado Dr. Batista (PMN); a diretora do CPRA, Solange Maria da Rosa Coelho; o engenheiro florestal e professor da UFPR, Marcelo Ranger; o articulador do Conselho Estadual de Desenvolvimento Econômico e Social (Cedes), Filipe Braga Farhat; a arquiteta e urbanista, Juliana Cortez Barbosa; e o produtor Bruno Cesar Fade.

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