O presidente Jair Bolsonaro admitiu neste sábado (2) que pegou o registro de gravações da portaria de seu condomínio, o Vivendas da Barra, no Rio de Janeiro, que foram analisadas na investigação do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista dela Anderson Gomes. Segundo depoimento revelado pela TV Globo, um porteiro disse que "Seu Jair" havia autorizado a entrada no condomínio de Élcio de Queiroz, suspeito de ser o motorista do carro usado no homicídio no dia do crime.
Além disso, o funcionário afirmou que Queiroz pedira para chamar a casa 58, que pertence ao presidente - Bolsonaro estava em Brasília na ocasião. No entanto, de acordo com o Ministério Público do Rio de Janeiro, um áudio prova que o acesso de Queiroz foi liberado por Ronnie Lessa, acusado de ser o autor material dos homicídios e que mora no mesmo condomínio, na casa 65.
Poucas horas depois da veiculação da reportagem pela TV Globo, o vereador Carlos Bolsonaro, filho do presidente, postou um vídeo que o mostra tendo acesso ao registro de entradas e de chamadas da portaria do condomínio.
"Nós pegamos antes que fosse adulterada, ou tentasse adulterar. Pegamos toda a memória da secretária eletrônica, que é guardada há mais de ano. A voz não é a minha", disse Bolsonaro neste sábado.
Após a declaração, os líderes da oposição na Câmara, Alessandro Molon, e no Senado, Randolfe Rodrigues, prometeram acionar a Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o presidente por "obstrução de justiça".
"Bolsonaro confessou ter se apropriado de provas relacionadas às investigações de um crime. Queremos a devolução desse material e uma nova perícia, sem interferências", disse Molon no Twitter. A PGR é chefiada por Augusto Aras, indicado por Bolsonaro mesmo não estando na lista tríplice feita pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR).
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