Uma pesquisa científica da Química da Universidade Estadual de Maringá (UEM) transforma bitucas de cigarro em hidrocarvão modificado. Este, por sua vez, é capaz de adsorver (fixar) corantes, portanto, pode ser material útil para otimizar o tratamento de água em estabelecimentos como lavanderias. Além deste benefício, é uma forma sustentável de dar destinação adequada às bitucas – devido à inovação, já há solicitação de patente para o processo e o material desenvolvido.
A obtenção de um hidrocarvão se dá a partir de uma matéria orgânica, de preferência biomassa, conforme Andrelson Wellington Rinaldi, professor de Química na UEM e um dos pesquisadores. “Testamos com azul de metileno, porque é um corante clássico, um parâmetro bom para ver se o material funciona”, conta Rogério dos Santos Maniezzo, aluno do 3º ano de licenciatura em Química na UEM.
Na semana anterior, a relevância, a originalidade e o foco ambiental deram ao universitário da UEM o prêmio de melhor pesquisa em química de materiais na 42ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química, em Joinville (SC). “Não adianta fazer pesquisa só no laboratório, tem que transpassar os portões da universidade. Ou seja, encontrar mecanismos para responder uma demanda da sociedade”, reflete o estudante, que apresentou a pesquisa em formato de pôster.
Rinaldi, que em Joinville ministrou palestra sobre materiais híbridos, acredita que o prêmio a Maniezzo serve de incentivo. “Para os alunos de graduação é extremamente motivador, faz com que vislumbrem o futuro! É uma injeção de ânimo, mesmo num cenário de falta de recursos”. O docente revela que alguns de seus acadêmicos já manifestaram desejo em ir à próxima reunião anual.
Destaque internacional
Em dezembro do ano passado, Maniezzo, Rinaldi e os demais autores – à época da escrita, alunos de graduação e pós-graduação em Química pela UEM, e professores da UEM e da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) – tiveram um artigo científico em inglês, sobre o hidrocarvão de pontas de cigarro, publicado no Journal of Environmental Chemical Engineering, uma revista de Qualis A2.
O trabalho foi iniciado quando os pesquisadores perceberam que as bitucas são um grave problema ambiental, pois, além de serem potenciais causadoras de incêndios, demoram mais de cinco anos para serem decompostas, segundo os ministérios do Meio Ambiente e da Educação. “Não há política assertiva de descarte, são lançadas em aterro comum”, lamenta o graduando, que agora pesquisa sobre hidrocarvão na adsorção de materiais pesados e resíduos de fármacos.
Pesquisa de Rogério Maniezzo já foi premiada no Paraná (Foto: Divulgação)
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