Coçar os olhos. Hábito simples que pode desencadear o aparecimento ou agravamento do ceratocone, doença caracterizada pelo afinamento e deformação progressiva da curvatura da córnea. A forma arredondada passa a ficar mais cônica. Com o intuito de prevenir essa esfregadinha, quase que involuntária principalmente entre os alérgicos, e chamar a atenção sobre as complicações do ceratocone, o Conselho Brasileiro de Oftalmologia e a Sociedade Brasileira de Oftalmologia, em parceria com a Organização Mundial de Conscientização do Ceratocone, realizam a campanha Junho Violeta.
Apesar do nome pouco conhecido, o ceratocone atinge uma a cada duas mil pessoas e é uma das principais causas de transplante de córnea, uma vez que leva à perda progressiva da visão. “Sabe-se que a ação de coçar os olhos, pelo trauma constante na córnea, pode causar alterações em sua curvatura, resultando na progressão do ceratocone. Desta forma, é de suma importância, não coçar os olhos, em especial, os pacientes com ceratocone, porque pode agravar ou até levar ao aparecimento da doença”, alerta o oftalmologista Felipe Morais, de Apucarana.
Caso a pessoa seja alérgica, Morais orienta procurar um oftalmologista, que irá fazer a prescrição correta de um colírio antialérgico. “Porém, o uso inadequado de colírio pode alterar a pressão intraocular. O uso só deve ser feito com orientação médica”, ressalta, observando que o ceratocone apresenta caráter hereditário e em 98% dos casos atinge os dois olhos.
Os sintomas se iniciam na adolescência. “É comum o diagnóstico do ceratocone vir com o aumento ou surgimento de miopia e astigmatismo, porém a miopia nem sempre está presente. Além destes sintomas, fotofobia e diplopia (percepção de duas imagens de um único objeto) podem estar associados”, observa.
Em geral, de acordo com Morais, a doença pode progredir até 35 anos, quando naturalmente se estabiliza. “A maioria dos casos apresenta-se como doença isolada, no entanto, pode estar ligado a outras como Síndrome de Down, retinose pigmentar e dermatite atópica”, pontua.
O diagnóstico é feito através de consulta oftalmológica, sendo o exame de topografia de córnea essencial, pois permite o diagnóstico precoce, muitas vezes antes dos sintomas iniciarem.
Tratamentos visam corrigir curvatura da córnea
O oftalmologista Felipe Morais, de Apucarana, explica que o tratamento pode ser dividido em clínico e cirúrgico. “O tratamento clínico inclui uso de óculos, lentes de contato e colírios. Dependendo da severidade da doença, o tratamento clínico pode não fornecer uma visão adequada ao paciente, sendo, neste caso, indicado o tratamento cirúrgico”, afirma.
De acordo com Morais, anel intraestromal e transplante de córnea são os tratamentos cirúrgicos mais comuns, uma vez que corrigem a curvatura da córnea, promovendo uma melhora na visão do paciente. “Outro procedimento muito importante é o crosslinking de córnea que consiste na instilação de vitamina B2 e aplicação de luz ultravioleta com a finalidade de enrijecimento do colágeno da córnea, resultando na estabilidade da doença”, comenta.
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