Em interceptações telefônicas realizadas pela Polícia Federal (PF), o desembargador Alexandre Victor de Carvalho, do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, propõe que o filho e a mulher dele atuem como funcionários públicos 'fantasmas', ou seja, sem cumprir as cargas horárias exigidas para os cargos.
De acordo com pessoas que tiveram acesso ao processo, que tramita em segredo de Justiça, o desembargador trata, em áudio, da nomeação do filho, Guilherme Souza Victor de Carvalho, para um cargo comissionado na Câmara Municipal de Belo Horizonte. Ele substituiria a mulher, Andreza Campos Victor de Carvalho, que ocupava esse mesmo posto e estava de partida para uma vaga na Assembleia Legislativa de MG. Ambos são advogados.
O objetivo do desembargador, segundo a PF, era aumentar os rendimentos familiares. Em contrapartida, ele teria aberto espaço para que políticos lhe pedissem favores na corte. Na Câmara, a negociação foi feita com o então procurador-geral, Augusto Mário Menezes Paulino.
Ao filho, o juiz foi gravado dizendo que ele não percisava cumprir toda a carga horária. "[É] pra você ficar umas duas três horas por dia, o horário que você puder”.
O filho do desembargador foi nomeado em dezembro de 2015, com salário de R$ 9.300, e exerceu cargo de coordenador de Intermediação Operacional, substituindo Andreza. A carga horária prevista para essa função era de oito horas por dia, de segunda a sexta. Ele era dispensado de bater ponto.
Andreza, por sua vez, passou a receber salário líquido de R$ 8.000 na Assembleia.
A transcrição dos áudios consta em investigação iniciada em 2015. O foco do trabalho da PF são supostos esquemas de corrupção envolvendo juízes. Segundo a PF, o desembargador negociou com políticos e outros agentes do estado empregos para os familiares. Os diálogos são de setembro a dezembro daquele ano.
Em nota, o tribunal afirmou que o desembargador nega qualquer acusação.
Com informações da Folhapress.
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