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65,6% das agentes penitenciárias femininas do Paraná estão doentes 

Uma pesquisa realizada pelo Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná (Sindarspen) aponta que 65,6% das agentes penitenciárias femininas do estado estão doentes.O levantamento, obtido com exclusividade pelo G1, foi feito com base em 122 questionários

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 21.08.2018, 22:03:00 Editado em 21.08.2018, 22:09:08
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Uma pesquisa realizada pelo Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná (Sindarspen) aponta que 65,6% das agentes penitenciárias femininas do estado estão doentes.

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O levantamento, obtido com exclusividade pelo G1, foi feito com base em 122 questionários aplicados a agentes do sistema estadual, o que corresponde a 32% do total.

As enfermidades mais relatadas são ansiedade, depressão, problemas emocionais, hipertensão, lesão por esforço repetitivo (LER) e problemas na coluna.

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Veja os tipos de doenças que as agentes dizem enfrentar ou já ter enfrentado:

31% — transtornos mentais e de comportamento
27,5% — doenças no aparelho digestivo
26% — doenças no aparelho respiratório
26% — doenças no sistema nervoso
17,5% — doenças no sistema osteomuscular (ósseo e muscular)
16% — doenças de pele

Segundo as servidoras, a manifestação das doenças tem ligação direta com más condições de trabalho (70% dizem estar insatisfeitas com o sistema) e com o risco ao qual estão expostas diária. Mais da metade já precisou se afastar do trabalho por motivo médico.

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É o caso de uma agente de 51 anos, diagnosticada com síndrome do pânico após ser exposta a situações de extremo perigo dentro de uma unidade na Região Metropolitana de Curitiba.

Ela diz ter sido agredida por uma presa, que lhe tomou as chaves das celas, no corredor da unidade, e ameaçou uma fuga em massa — o que não ocorreu; em outro momento, conta que presenciou companheiras de profissão serem ameaçadas e brutalmente torturadas durante uma rebelião, no ano passado.

"Depois desses episódios, passei a sentir muita falta de ar, aperto no peito. Parecia que eu ia desmaiar. É uma sensação permanente de que algo ruim vai acontecer. Dali para frente, toda vez que eu entrava na galeria, meu coração acelerava e eu sentia um medo terrível, um sensação de prisão. Infelizmente, a gente também tá cumprindo a nossa pena lá dentro", lamenta.

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A servidora foi afastada das funções depois de passar por perícia médica. Ela diz sentir culpa por não poder trabalhar. "Eu me sinto culpada. Toda vez que vou à perícia saio chorando. Eu não estou lá para fazer corpo mole. Eu gostaria muito de estar forte para poder trabalhar".

Ela reclama do descaso do Estado, já que tem que pagar por todo o tratamento. "Eu adoeci lá dentro. O Estado me adoeceu e não tá cuidando de mim. Não tem preocupação. Simplesmente dizem 'vai lá no médico'".

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Outra agente, de 36 anos, desenvolveu síndrome do túnel do carpo, uma neuropatia causada por lesão por esforço repetitivo (LER), causada pelo esforço repetitivo de abrir e fechar os pesados portões de ferro da cadeia.

"Sinto muita dor, formigamento, amortecimento. Estou perdendo a força e o movimento das minhas mãos por causa do meu trabalho", afirma.

Na galeria em que ela trabalha, são 58 celas, cujos portões precisam ser movimentados ao menos seis vezes por dia, para banho, atividades escolares e banho de sol das detentas, por exemplo. O trabalho é dividido em apenas três servidoras, diz ela.

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A agente afirma que, ao relatar o problema, também passou por perícia, mas foi tratada com desprezo. Ela foi realocada temporariamente para a portaria, onde, mesmo com o problema nas mãos, precisa erguer sacolas de visitas para verificar o que entra nas celas.

"Fui na perícia, que simplesmente não fez nada. Me trataram como se não fosse algo grave e como se não fosse uma doença causada pelo meu trabalho. É tão fácil pro estado fingir que nada está acontecendo, não é mesmo? Me sinto completamente abandonada".

Contexto do estado

O Paraná abriga três unidades destinadas para mulheres condenadas: a Penitenciária Feminina de Piraquara (PFP), o Centro de Reintegração Social Feminino (CRESF), em Foz do Iguaçu, e o Complexo Médico Penal (CMP), em Pinhais, onde ficam as parturientes e presas em medida de segurança.

Além disso, existem agentes femininas nas outras 29 unidades penais masculinas do estado.

Mais da metade das servidoras tem entre 31 e 40 anos, 68% são mães, 80% têm curso superior completo e mais de 90% trabalha exclusivamente no sistema penitenciário.

A pesquisa completa será apresentada pelo Sindasrpen na quinta-feira (23), no 1° Encontro Estadual das Agentes Penitenciárias do Paraná, que será realizado no Anfi 100 da Universidade Federal do Paraná (UFPR), em Curitiba.

fonte- Erick Gimene - G1 Paraná.

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