SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O presidente sul-coreano, Moon Jae-in, disse nesta quarta-feira (10) que o seu colega americano Donald Trump deve receber os créditos pela retomada do diálogo entre Seul e Pyongyang.
"Eu acho que o presidente Trump merece um grande crédito por ajudar as conversas intercoreanas a acontecer", disse Moon. Segundo ele, a retomada dos diálogos "pode ter sido resultado da pressão e das sanções lideradas pelos EUA".
O Conselho de Segurança da ONU aprovou no fim de dezembro a proposta americana de impor novas sanções contra o regime norte-coreano, levando Pyongyang a dizer que as punições representavam um "ato de guerra".
Assim, a fala do líder sul-coreano vai ao encontro das declarações mais recentes de Trump, como a da última quinta (4), na qual atribuía a si próprio o mérito pela nova rodada de negociações entre as Coreias.
"Alguém realmente acredita que as conversas estariam acontecendo entre a Coreia do Norte e a do Sul se eu não fosse firme, forte e disposto a empregar nosso 'poder' total contra o Norte?", disse.
Trump também chegou a classificar como "uma coisa boa" a reunião entre os dois países. No sábado (6), disse que "com certeza" aceitaria se reunir com o ditador Kim-Jong-un, desde que ele aceitasse algumas condições --sem especificar quais. Nesta quarta, Moon disse que também aceitaria o encontro.
As declarações de Trump marcaram uma mudança de tom. Antes, ele criticava as tentativas de conversas com Pyongyang e não poupava ataques a Kim, com quem trocou uma série de insultos nos últimos meses.
No início de 2018, por exemplo, logo após Kim expressar sua vontade de retomar o diálogo e enviar uma delegação do país para a Olimpíada de Inverno na Coreia do Sul, Trump respondeu ameaçando o ditador.
"Alguém que pertença a esse regime decrépito e causador de fome por favor avise a ele que eu também tenho um botão nuclear, mas é muito maior e mais poderoso que o dele, e o meu funciona!"
Aliados de Trump também dizem que a disposição de Kim ao diálogo e a participação nos Jogos poderiam ser estratégias de Pyongyang para tirar o foco de seu programa nuclear e criar um cisma entre Seul e Washington.
Segundo Moon, porém, seu país e os EUA têm a mesma posição sobre a Coreia do Norte. "Nossa tarefa daqui em diante é fazer a Coreia do Norte participar de conversas sobre a desnuclearização. É nossa meta principal e não vamos desistir", disse.
Depois de mais de dois anos, autoridades de Seul e de Pyongyang se reuniram na terça (9) para uma conversa na vila de Panmunjom, na zona desmilitarizada que separa os dois países.
Após 11 horas de encontro, os dois lados concordaram com a participação norte-coreana na Olimpíada e com a necessidade de novos diálogos para diminuir a tensão na península. O governo de Kim, porém, afirmou que não pretende negociar seu programa nuclear com os vizinhos.
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