SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Um advogado iraniano disse nesta terça (9) ao Parlamento do país que 3.700 pessoas foram presas por participarem dos protestos contra o regime, um número maior do que os mil detidos -sendo 450 na capital Teerã- estimados anteriormente.
As autoridades não divulgaram um número oficial de presos nos protestos, que começaram há duas semanas e que deixaram pelo menos 22 mortos -sendo 21 manifestantes e um policial.
A contagem foi anunciada pelo advogado Mahmoud Sadeghi em entrevista à agência de notícias do Parlamento, sem detalhar como obteve o número. Segundo ele, as detenções foram feitas por diferentes forças de segurança e agentes de inteligência, o que dificultou a contagem.
Como as autoridades iranianas restringem as viagens pelo país, organizações internacionais e jornais estrangeiros não conseguiram fazer uma estimativa independente do número de presos.
Segundo o ministro do Interior, Abdolreza Rahmani Fazli, 42 mil pessoas participaram das manifestações que exigiam medidas contra as altas taxas de desemprego e a corrupção no governo do presidente Hasan Rowhani.
No domingo (7), o promotor Abbas Jafari Dolatabadi disse que 70 pessoas detidas nas manifestações já tinham sido liberadas e que outros seriam soltas em breve.
De acordo com Dolatabadi, apenas os líderes da oposição ao regime islâmico serão mantidos na prisão e "investigados seriamente".
'DERROTADOS'
O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, disse também nesta terça que o país "frustrou" as tentativas dos EUA e do Reino Unido de criarem uma revolta contra o governo durante os protestos.
"O inimigo fez repetidas tentativas e foi derrotado todas as vezes", afirmou. "Isso acontece devido à resistência popular e à força nacional."
Logo após o início dos protestos, Khamenei já tinha culpados "inimigos externos" pelas manifestações.
As manifestações contra o governo, as maiores desde 2009, começaram em 27 de dezembro na cidade de Mashhad, a segunda mais populosa do Irã, e rapidamente se espalharam pelo país.
Os atos, porém, se dissiparam após as autoridades aumentarem o número de policiais e soldados nas ruas e restringirem o uso das redes sociais, que os manifestantes usavam para se organizarem.
Grupos favoráveis ao governo também fizeram uma série de atos em apoio às autoridades. Diferentemente do apagão em relação às manifestações opositoras, estas mobilizações foram realçadas pela imprensa estatal.
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