DIOBO BERCITO
MADRI, ESPANHA (FOLHAPRESS) - A interação entre evangélicos e a direita israelense é marcada por posições contraditórias e por vezes irreconciliáveis. A situação é complicada pela existência de diversos grupos evangélicos que não compartilham das mesmas crenças e, por exemplo, divergem sobre o futuro de Jerusalém e Israel.
As correntes evangélicas que apoiam Israel e se mobilizaram para que os EUA reconhecessem Jerusalém como a capital israelense acreditam que a presença de judeus na Terra Santa é uma condição necessária para acelerar o fim do mundo -algo em que judeus não acreditam.
"A maior parte da direita israelense, apesar de aceitar essa ajuda, não sabe bem quais são as crenças dos evangélicos ou não as levam a sério", diz Gershom Gorenberg, jornalista especializado no tema.
"A postura pró-Israel também inclui uma perspectiva de que todos os judeus precisam se converter ao cristianismo", diz. "Evangélicos apoiam Israel, mas acreditam que o judaísmo não é legítimo."
Essa aliança começou no governo de Menachem Begin (1977-1983), e seu maior entusiasta foi Netanyahu --coincidindo com os avanços dos evangélicos na política americana.
Para o jornalista, as relações cada vez mais estreitas entre Israel e os evangélicos brasileiros podem explicar a nomeação de Dani Dayan para embaixador em Brasília, o que foi rejeitado pelo Planalto, levando a uma crise diplomática em 2016. À época, o hoje prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (PRB), bispo licenciado da Igreja Universal, defendeu a acreditação de Dayan.
O apoio evangélico poderia ser fundamental para garantir votos a favor de Israel no Congresso brasileiro e na ONU, diz.
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