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Cota nacional 'inibiria' vídeo sob demanda, diz novo dirigente da Ancine

GUILHERME GENESTRETI SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Ainda é cedo para regulamentar a atuação dos serviços de vídeos sob demanda no Brasil, defende Christian de Castro, nomeado na última terça (2) por Michel Temer para presidir a Ancine (Agência Nacional do

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 04.01.2018, 15:55:00 Editado em 04.01.2018, 15:55:15
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GUILHERME GENESTRETI

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Ainda é cedo para regulamentar a atuação dos serviços de vídeos sob demanda no Brasil, defende Christian de Castro, nomeado na última terça (2) por Michel Temer para presidir a Ancine (Agência Nacional do Cinema).

"Esse mercado ainda está em fase de consolidação", diz, em entrevista à reportagem. Segundo ele, "sobrerregulá-lo" neste momento "inibiria a entrada dos 'players' que já existem e o surgimento de novos."

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Plataformas como a Netflix, que são hoje o grande horizonte de crescimento do audiovisual, não estão submetidas ao mesmo regramento que os canais da TV a cabo, por exemplo, obrigados desde 2012 a exibir cota de conteúdo nacional em suas grades.

A questão tem se arrastado nas reuniões do Conselho Superior de Cinema. O setor debate se, a exemplo do que ocorreu com a televisão por assinatura, também não seria o caso de exigir dos serviços de streaming um percentual fixo de obras brasileiras.

"Neste momento, acho que não", diz o novo presidente. "Esses serviços funcionam bem com a produção local. E o conteúdo brasileiro tem funcionado muito bem neles."

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Nos canais a cabo, contudo, a cota de conteúdo deu impulso à produção nacional. A partir de 2013, aumentou em 92% o número de obras locais na TV. Em 2016, foram registradas 3.007 horas de obras independentes brasileiras na TV por assinatura.

Christian de Castro tem defendido como principal meta a desburocratização das instruções normativas da Ancine, que regulam esse setor.

"Tornando-as mais claras e objetivas, vamos diminuir a desigualdade entre produtoras, já que as maiores têm estrutura para atender essas demandas burocráticas", diz.

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Castro assume a presidência da Ancine no lugar de Débora Ivanov, que exercia o comando interino e permanecerá na diretoria da agência. A escolha de Christian tinha o apoio do ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, que nos últimos meses vinha protagonizando embates com Ivanov, mais benquista pelo setor.

Parte do meio audiovisual acusa Sá Leitão de ter, à frente da RioFilme, beneficiado grandes produtoras e sufocado o cinema autoral. O mesmo receio é dirigido a Christian, seu afilhado político.

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"Com a diminuição da burocracia, novos produtores vão ter acesso aos recursos", defende-se. "Conheço as dificuldades de entrar nesse mercado porque a minha família nunca foi desse setor."

Radicado em Brasília, Christian de Castro, 48, é egresso do mercado financeiro. Foi diretor-executivo da Luz Mágica, do cineasta Cacá Diegues (um dos maiores fiadores do ministro Sá Leitão), e um dos criadores do primeiro Funcine, fundo de investimento privado para o cinema.

Christian também produziu filmes do irmão, Erik de Castro, incluindo "Senta a Pua!", documentário sobre aviadores brasileiros na Segunda Guerra, e "Federal", filme de ação sobre policiais à caça de um narcotraficante.

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DENÚNCIA

O novo presidente da Ancine é alvo de denúncia que corre no âmbito do órgão, envolvendo sua participação na produtora Glaz. Segundo a acusação, antecipada em agosto pelo jornal "O Estado de S. Paulo", a produtora contratou, via recursos incentivados, a empresa de consultoria de Christian quando ele já era um dos conselheiros da Glaz.

"Isso é uma não questão", diz ele, que não vê conflito no fato de dirigir a instituição que apura as irregularidades. "O processo está sendo tocado. É uma questão privada, que não acho que é o caso de tratar."

Criada em 2001, a Ancine é responsável por traçar diretrizes para o audiovisual. O novo gestor será responsável por um orçamento anual de cerca de R$ 50,7 milhões em 2018, num órgão que emprega em torno de 780 pessoas.

A agência é também uma das gestoras do FSA (Fundo Setorial do Audiovisual), principal mecanismo de fomento à produção brasileira, que em 2016 distribuiu cerca de R$ 755 milhões no setor.

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