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Presidente supera impeachment no Peru

SYLVIA COLOMBO, ENVIADA ESPECIAL LIMA, PERU (FOLHAPRESS) - O bairro nobre de San Isidro, em Lima, estava em festa na madrugada desta sexta (22). Ouviam-se buzinas e o coro de "sigue PPK" (continue PPK), enquanto diante de uma das casas, pessoas aplaudiam

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 22.12.2017, 20:55:00 Editado em 22.12.2017, 20:55:09
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SYLVIA COLOMBO, ENVIADA ESPECIAL

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LIMA, PERU (FOLHAPRESS) - O bairro nobre de San Isidro, em Lima, estava em festa na madrugada desta sexta (22). Ouviam-se buzinas e o coro de "sigue PPK" (continue PPK), enquanto diante de uma das casas, pessoas aplaudiam um homem alto, de 79 anos, que pulava e dançava de modo desajeitado.

Era Pedro Pablo Kuczynski, o presidente do Peru, que após uma sessão de 14 horas no Congresso, havia conseguido manter-se no cargo.

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PPK, como é conhecido, livrou-se de ser afastado por apenas nove votos, após uma moção de vacância ter sido aberta contra ele por suposto envolvimento de sua empresa Westfield no esquema de subornos da construtora brasileira Odebrecht.

Ao pedir a votação da moção, o partido fujimorista (Força Popular), a Frente Ampla (esquerda) e outros partidos pareciam ter mais do que os 87 votos necessários para remover o presidente. Nos últimos dias, porém, alguns parlamentares se convenceram de que sua saída poderia ser o pior de dois males.

Analistas ouvidos pela Folha concordam que as principais razões para PPK se manter no cargo foram a divisão da esquerda após o discurso do presidente em cadeia nacional na quarta (19) e o comportamento de Kenji Fujimori, filho do ex-presidente Alberto Fujimori (1990-2000) que, rebelado contra a irmã e líder do Força Popular, Keiko, protegeu PPK.

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Ao fim, 79 deputados votaram em apoio a moção, 19 foram contra e 21 se abstiveram.

RACHA ESQUERDISTA

Desde a eleição presidencial de 2016, abriu na Frente Ampla (esquerda) um grupo dissidente, que recolhe assinaturas para formar um partido, o Novo Peru. Foram os dez congressistas dessa agrupação que se levantaram em bloco pouco antes da votação, dando o primeiro empurrão para a salvação de PPK.

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Ao longo de toda a tarde de quinta, foi possível observar intensos debates nos corredores do Congresso, do lado de fora do plenário.

Alguns esquerdistas, como Alberto Quintanilla, admitiam que estavam sob o impacto do discurso de PPK na véspera, quando o presidente agradeceu a fidelidade dos vices, mas pediu que, caso ele fosse afastado do cargo, que ambos renunciassem, "porque nenhum governo legítimo nascerá desse golpe".

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A mensagem continha uma ameaça: segundo a Constituição, afinal, em caso de vacância do mandatário e de renúncia dos vices, quem assume é o líder do Congresso. E este é, hoje, um membro do "núcleo duro" do fujimorismo, Luis Galarreta.

Um dos líderes da esquerda, Marco Arana, sinalizou o recuo no fim do dia: "PPK não é digno, mas tampouco podemos permitir que o fujimorismo fique com o poder."

RACHA FUJIMORISTA

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Já Kenji Fujimori virou um protagonista inesperado.

Desde 2016, ele vem se afastando da irmã. Queria ter sido ele o candidato à Presidência, no lugar de Keiko, e vem então sabotando as ações dela. O Fujimori, pais dos dois, também culpa a filha por ter pedido para PPK.

Nos últimos meses, Kenji tem coordenado a negociação com o presidente para que este dê um indulto ao pai, preso desde 2009, condenado por crimes contra os direitos humanos e corrupção.

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Foi por isso que Kenji se rebelou contra a ordem do partido de votar em bloco pela vacância. Era possível vê-lo pelos cantos do plenário sendo pressionado por outros fujimoristas, que falavam com ele de dedo em riste.

Com seus modos mais suaves, porém, Kenji também foi costurando ao longo do dia sua rede de apoios. Com isso, dez parlamentares fujimoristas desertaram da ordem de Keiko e se abstiveram.

Nesta sexta, os líderes da Força Popular estudavam medidas de punição a parlamentares que seguiram Kenji.

A conjunção dessas duas divisões, a da esquerda e a do fujimorismo, salvou PPK.

Para o constitucionalista Samuel Abad, "essa votação ficará como lição". "Tentaram tirar o presidente como se ele fosse um primeiro-ministro, e o Peru, um regime parlamentarista. Fizeram um uso equivocado da lei", diz.

"A vacância foi pensada para afastar do cargo mandatários com incapacidade física. Colocaram 'incapacidade moral' no texto como uma forma elegante de dizer isso. Mas a vacância jamais foi pensada para punir eventuais delitos de corrupção, isso deve correr por outra via."

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